1 de agosto de 2011

Opiniões que Marcam


(*) CEO da Havas Media Portugal



No final dos anos 70, a música “Video Killed the Radio Star” pretendia constatar o final da era dourada da Rádio face à supremacia conquistada pela TV. Actualmente o discurso repete-se em torno do debate de qual será o futuro da TV.




Face aos budgets cada vez mais apertados e à crescente penetração dos meios digitais, seria de esperar um futuro negro para a caixa mágica. De acordo com algumas previsões, estaríamos a investir toda a nossa atenção nas redes sociais, nos jogos, a navegar na internet ou no smartphone, e no entanto, a TV continua a ser líder de audiências. Apesar dos evangelistas que apregoam a supremacia dos meios digitais, o modelo da TV está a sofrer uma mudança maciça e a forma como se encara, mede e avalia a TV, quer em termos de eficácia, quer em termos de evolução, deve também ser alvo de mudança.




Nas Leis da Media de McLuhan existem quatro questões que aplicadas à realidade da TV podem ajudar a extrapolar o seu futuro e imaginar como será a post-advertising age: o que o meio melhora? O que o meio torna obsoleto? O que o meio consegue recuperar que era antes obsoleto? Quando levado ao extremo, no que o meio se transforma?




Na era experimental da Internet, aplicando as questões de McLuhan a este meio, conclui-se que a principal vantagem inovadora seria o aumento da interactividade, no entanto a TV respondeu com a TV on-demand, aumentando a interactividade do meio e alargando o modelo de angariação de receitas, pela diminuição da dependência face aos anunciantes com a introdução do pay-per-view.




Paralelamente abriu a possibilidade de fragmentar um meio massivo, com o alargamento da oferta de canais, possibilitando a delineação de estratégias de comunicação para nichos não descorando a maximização do ROI.




A futura convergência entre a Internet e a TV – Over-the-top TV – está a revolucionar a indústria da radiodifusão e a aumentar a competitividade, quer entre os agentes já estabelecidos no mercado e os emergentes, quer na luta pelo poder do conteúdo (Rights holders, Studios, Broadcasters) ou do serviço (Cable/IPTV e Telcos), ou da plataforma (STB, Electronic or TV Set manufacturers) ou pelo cloud power (Netflix, Amazon, Google), mas quem determinará a evolução será o consumidor – the ultimate stakeholder.




As tendências do consumidor indicam que existe cada vez mais apetência por um consumo multi-device que vá além da pura replicação da TV tradicional num outro suporte e proporcione uma experiência, onde o conteúdo seja o centro, a qualidade elevada e a personalização do serviço um must.
A conectividade e a mobilidade são os drivers que tornarão comum o visionamento de TV num tablet, PC ou num smartphone, mas a necessidade de partilhar determinados momentos (como finais de campeonato, ou casamentos reais) e a qualidade de imagem de um grande ecrã continuarão a assegurar o consumo da TV tradicional.




Poder-se-á então considerar, que a Internet terá um papel de alavanca na evolução tecnológica do formato de visionamento da TV e das opções de acesso que o consumidor passará a ter à sua disposição, permitindo fornecer maior valor acrescentado e eficiência.
Cabe aos anunciantes procurarem adaptar-se a este novo paradigma de comunicação, onde a relevância e a publicidade contextual assumem um papel preponderante, sendo que, neste processo, a integração é um factor-chave que tem de ser tido em conta (exemplo da campanha Doritos no Canadá, onde os fãs eliminaram no ecrã um dos sabores da marca através de uma campanha multimeios).




A Internet está ainda longe de provocar a morte da TV, na medida em que o consumidor optará sempre pelo uso de multi-ecrãs, adaptando as plataformas existentes às suas necessidades de consumo de conteúdos. Pelo contrário, a TV tenderá a tornar-se uma plataforma primordial na crescente utilização da web via acesso a formatos inovadores (e.g., social TV, colaborative TV, content filtering, on demand TV).

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