20 de junho de 2011

Opiniões que Marcam


(*) Chief Creative Officer da Torke boutique guerrilla agency


 


Nunca existiu uma regra, mas entendemos que cada pastor é responsável pela suas ovelhas, pelas suas especialidades e deveria “respeitar os vizinhos”….quando há dinheiro, tudo está bem, as cercas invisíveis não se ultrapassam e se uma ovelha rosa aparece no meio das ovelhas azuis, cordialmente levamos a ovelha rosa de volta ao seu lugar.
 


Tudo parece ter sentido, alguns são especialistas em alimentar a ovelha, outros são especialistas em tirar a lã, outros são bons para vender no mercado e existem ainda outros que produzem roupas com esta lã….tudo para que? Para o cliente poder comprar um casaco quentinho, com qualidade e que possa falar sobre isso aos amigos.
 


Mas o que acontece hoje quando o dinheiro é pouco ou quase nada?
 


O cliente não tem mais 19€ para comprar o casaco, mas quer continuar a ter qualidade e poder falar sobre isso. Só há 12€. Como o cliente é sempre o “mais” esperto da cadeia alimentar, com certeza ele vai pensar numa solução!
 


Porque não ultrapassar uns procedimentos para poder baixar o preço? Qual a ideia? Pedir ao que tem ovelhas, para fazer todos os processos, mesmo não sendo especialidade deles, aí sim terá um preço mais baixo. MARAVILHA!


 


Talvez nem precise mesmo ser bem feito. É o preço que interessa e não a qualidade. O objectivo passou a ser os 12€ e mais nada.
 
 


Depois de comprarem os casacos de 12€, começaram a perceber que todo mundo estava com estes casacos, e voltaram ao gajo das ovelhas e foram reclamar que todos eram iguais e que queria diferenciação.


 


O gajo das ovelhas responde:
-Mas eu não tenho ninguém aqui na minha equipa que possa pensar num modelo diferente, seria muito mais caro.
-Não quero saber, arruma alguém ou se não vou ao vizinho comprar…


 


O gajo das ovelhas pensa: epa, eu mesmo vou pensar em qualquer coisa e tá bom.
 
 


A curto prazo parece estar resolvido…mas os que eram especialistas em criar casacos diferentes começam a questionar os parceiros, começam a pensar: se o meu parceiro de lã esta pensando directamente para o cliente, para que eu tenho que trabalhar com ele?
 


Depois de 2 meses, o cliente aparece na feira de Trancoso e vê que existem 4 fornecedores idênticos, todos a 12€, que fazem tudo e mais um pouco e que também dizem que pensam em ideias. E a feira é tensa, estes 4 nem sequer se olham nos olhos…
 
 


Você que está lendo, está pensando…mas André, todo mundo sabe disso, você só descobriu agora?
Eu fazia uma ideia que isso podia acontecer, mas não tinha a certeza que o mercado já estava assim.
 


Porque um meio vende directamente ao cliente já com “criatividade”? E porque as agencias criativas ainda respeitam estes meios? Eu sou uma formiga no sistema, mas porque uma agencia de publicidade ou uma agencia de meios não questiona porque um meio esta falando directamente com o cliente? Isto está destruindo o mercado em termos de criatividade…talvez a palavra que faça muito mais sentido do que a palavra preço para sair de uma crise.
 


Se quiserem continuar assim, segue uma ideia:
Ao invés de criarem o picnic no marques, criem um ringue de fight club.

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