10 de junho de 2011

Opiniões que Marcam

(*) King of Lalaland


 


 


Mesmo neste milénio aquariano, continua a ser o trabalho o motor das nossas vidas e das economias. É a ele que dedicamos mais de metade das horas úteis dos nossos dias e, supostamente, deveria ser ele que geraria riqueza suficiente para desfrutarmos de mais qualidade de vida. Acontece que continuamos a dividir a nossa vida em duas coisas, trabalho e lazer e que, tal como nos ensinaram, as continuamos também a considerar antagónicas e arqui-inimigas.


 


Estes sentimentos transpõem-se para a forma como trabalhamos e como o lado que puxa ao lazer é sempre mais forte que o seu antagonista, trabalhamos contrariados e deprimidos, fazemos muitas pausas para café, discutimos muita bola e política, fumamos muitos cigarros, dizemos muito mal dos nossos chefes e das nossas vidas e, claro, produzimos pouco.


 


Como produzimos pouco, não geramos a riqueza necessária para permitir a tal qualidade de vida superior que ambicionamos, e constatamos que temos de trabalhar mais e mais e isso torna-nos mais infelizes e miseráveis e cada vez mais contrariados o que se vai reflectindo na qualidade da produção e este ciclo demoníaco continua instalado e a dar cabo de nós, do nosso trabalho e do nosso pais.


 


Neste panorama sinto-me um felizardo. Desde muito cedo que quis fazer qualquer coisa relacionada com ideias novas, aliás acho que o meu primeiro herói de ficção foi o Professor Pardal (lembram-se? Aquele do  Lampadinha, dos livros de quadradinhos da Disney). Daí a decidir a aprender tudo o que fui conseguindo sobre design e comunicação e a começar a trabalhar em publicidade, foi um saltinho. E a verdade é que sou cada vez mais feliz a trabalhar, essencialmente porque gosto muito do que faço e não considero o meu trabalho uma obrigação, mas algo que me preenche, realiza e diverte e que tem um papel tão ou mais importante que o lazer e os momentos de ócio porque ele é também essas coisas. Claro que isto é especialmente verdade desde que larguei as fábricas de anúncios e me dedico a praticar a minha profissão como acredito que ela deve ser praticada, e embora ainda ganhe menos dinheiro do que ganhava nas grandes agências sou definitivamente mais produtivo, mais eficiente, mais equilibrado e acredito que bastante mais eficaz. E disto tenho a certeza, muitíssimo mais feliz.


 


Talvez seja este o segredo para deixarmos de ser infelizes. Levarmos o que sentimos mais a sério ao ponto de quebrar a inércia para deixar de fazer as coisas contrariados só porque sim e passemos a fazê-las de maneira a que o trabalho não seja uma coisa penosa mas apenas mais uma das actividades das nossas vidas que procuramos porque nos dão gozo.


 


Talvez para fazer os melhores sapatos do mundo seja imprescindível ser um sapateiro que os adora fazer.


 

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