7 de junho de 2011

Opiniões que Marcam

(*) presidente da GCI 


 


No último mês, tive a oportunidade de participar – como moderador e orador – em duas conferências relacionadas com sustentabilidade. De uma delas, do ISEG, já falei no meu blog Pode Ser Assim (http://josemanuelcosta.blogs.sapo.pt/).


 


A outra, organizada pelo LideraA, realizou-se no auditório do IST e teve como tema os produtos e serviços sustentáveis. Depois da minha apresentação, em que falei do Public Engagement para a sustentabilidade, gerou-se uma entusiasmante discussão sobre os desafios da comunicação sustentável.


 


Na altura, tive a oportunidade de explicar que, até 2008, a sustentabilidade era vista como uma questão de meio ambiente, tendo desde então havido uma mudança de paradigma, na qual a sustentabilidade passou a ser a pedra basilar de qualquer política económica dos países.


 


Então, expliquei que, para além da vontade política, é preciso que as empresas se unam para influenciar os consumidores para o consumo sustentável. Os gestores, esses estão cada vez mais certos que, através da sustentabilidade, haverá uma maior consistência no desempenho económico e financeiro. EDP e PT são dois bons exemplos, portugueses, de como as empresas devem abordar a sustentabilidade. E é do topo que terá de vir essa mensagem, esse sinal de mudança.


 


Para os mais cépticos – que os há – hoje deixo outro exemplo de como a mudança de mentalidades começa pelos executivos de topo: o HSBC anunciou na semana passada que irá ser pioneiro num pacote de remuneração baseado em indicadores de sustentabilidade.


 


A ideia partiu de cima, como deve ser. A empresa incorporou critérios de sustentabilidade nas avaliações dos seus colaboradores, dando-lhes incentivos e bónus de sustentabilidade para ajudar a reduzir a utilização de água e energia nos edifícios, minimizando a pegada ecológica.


 


Durante anos, é verdade, o HBCS cultivou as suas credenciais sustentáveis através de parcerias com a Climate Partnership ou WWF, mas só agora o banco está – de facto – a entrar na sustentabilidade, convencendo os seus colaboradores a tomar decisões mais sustentáveis: quer seja a desenhar edifícios mais eficientes, a comprar equipamento sustentável ou, simplesmente, a imprimir apenas os documentos estritamente necessários.


 


Ao ligar este bónus a um sistema que monitoriza 16 vectores, Bill Thomas, o chefe de sustentabilidade da divisão de tecnologia e serviços do HBSC, conseguiu dar passos significativos para atingir os objectivos ambientais do HSBC.


 


Thomas referiu que cada colaborador tem um marcador ou mapa (scorecard), cujas métricas estarão ligadas aos seus bónus financeiros. “[Os colaboradores] têm um marcador obrigatório para completar. Se não o fizerem, o seu bónus desce – esta é uma forma simples de o descrever, mas é assim que funciona. Os marcadores começaram a [mudar os comportamentos] porque as pessoas começaram também a prestar mais atenção [a estes detalhes], uma vez que mexem com o seu dinheiro”, revelou o responsável.


 


O objectivo principal desta estratégia é… continuar a abrir as portas, todos os dias, assegurando o futuro da empresa. “O nosso objectivo número um para a sustentabilidade é continuar no nosso negócio daqui a 140 anos. É possível desaparecer do mapa – o Lehman Brothers fê-lo. Os dinossauros desaparecem e não queremos ser um deles”, concluiu Thomas, que revelou que o banco está disposto a partilhar estes marcadores sustentáveis, inclusive, com a sua concorrência! “Estamos a partilhar os marcadores com outras pessoas porque acreditamos que não existe nenhuma vantagem competitiva. Estamos todos a nadar nas mesmas águas”. Não poderia estar mais de acordo.

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