(*) Directora editorial imagens de marca
Há muito que o sentia. Nesta viagem ao Brasil fiquei com a certeza: Há muita insegurança em Portugal! E a nossa não tem a ver com assaltos, nem armas, nem resgates (como ainda continua a acontecer e muito no Brasil) mas sim com a falta de confiança de uma nação.
Nós, aqui no Brasil (em várias cidades e entre descendentes de diferentes estados) continuamos a ser percepcionados como o povo com alma de descobridores – e não me venham dizer que tem sentido pejorativo porque não tem! – mas na verdade, parte dos que continuam em Portugal, para cada vez maior pena minha, há muito que a perderam…
Esta imagem que os brasileiros têm de nós fez-me viajar às origens e questionar se somos verdadeiramente descobridores. Aliás, se ainda somos verdadeiramente descobridores… A resposta foi clara, aos meus olhos: Uns sim, outros… não!!
Se pararmos para pensar, há dois tipos de portugueses neste momento em Portugal: os que querem fazer e os que têm medo de fazer.
Os que querem fazer dividem-se depois em mais dois tipos: os que fazem acontecer lá, mesmo que seja mais devagar, com mais dificuldades e os que desistem e mudam de país para não deixarem de ser eles próprios.
É aqui que entra a palavra insegurança. Há muito que ela casou com o medo, que andam de braço dado todos os dias, que se alimentam um ao outro. O medo gera insegurança. E a insegurança gera medo….
No Brasil deixa-se florescer as ideias. Partilha-se. Avança-se. Decide-se na hora. Define-se como fazer no momento. Em Portugal não….A falta de confiança, a falta de certeza se é o melhor caminho, o medo de avançar porque pode não dar certo, bloqueia e por vezes mata as boas ideias. Em vez de avançar estagna-se, vê-se mais tarde, leva-se anos a pensar como fazer…. É isto que me leva a deixar aqui estas palavras. Para que todos pensemos: Como pode uma nação evoluir com estes pensamentos?…..
Este bloco de notas não pretende destruir Portugal e enaltecer o Brasil, pretende sim partilhar o que sinto, o que levo da minha experiência e o que gostaria que todos pensassem: ter medo bloqueia a criatividade, não deixa andar pra frente. E é isso que está a acontecer em Portugal.
Porque cresce o Brasil e não cresce Portugal? Num pensamento simplista e básico: porque no Brasil sonha-se, acredita-se e faz-se acontecer e em Portugal não se incentiva o sonho, não se acredita e não se faz para que aconteça…
Por vezes as ideias simples e básicas são as que nos oferecem respostas certas. E eu confesso que acho simples e básico o nosso maior problema. Parte boa? Tem cura!
Vejam a diferença perante um desafio:
Em Portugal levantam-se muitas questões e arranjam-se muitos problemas: E se não corre bem? E se não é esse o caminho? E se eu estava errado, o que vai acontecer a seguir?…. Há demasiados “se´s” e muita insegurança. Ou seja, sente-se o domínio do medo. No Brasil partilham-se ideias, deixa-se fluir a criatividade e discutem-se soluções. Os “se´s”, aqui, transformam-se em alternativas positivas, seguras. Sente-se o domínio da segurança.
Agora percebo porque tantos portugueses estão aqui. Alguns não voltarão a Portugal seguramente em época de ajudar o país a ir mais longe. Perdemos profissionais de excelência para grande pena minha. Mas como podemos nós segurar os descobridores, os sonhadores, os que acreditam, os que querem fazer acontecer quando o medo de avançar de quem decide em Portugal, lhes corta o talento?…
Não há muitas saídas. Enquanto os portugueses não ganharem confiança, auto-estima, não tiverem mais orgulho, não acreditarem neles próprios e não provocarem a evolução vamos continuar a ser pequenos demais. Em tudo! E eu posso falar por experiência própria porque luto todos os dias com a indefinição apesar do nível de responsabilidade profissional que tenho perante uma equipa que já não é tão pequena quanto isso…
Não quero sair de Portugal e vou continuar todos os dias a lutar por um país melhor, mas se não lutarmos todos, o nosso futuro não será fácil.
O Brasil está muito longe de ser um país perfeito – e eles sabem disso – mas há muitos brasileiros a puxar para cima e a querer evoluir. Pelo contrário em Portugal, e é aqui que sou crítica, há muitos a não deixar que evolua!!! É isso que continua a fazer do nosso país o “Portugal dos pequeninos”….
Se me permitem, deixo um apelo: percam o medo! Sonhem, acreditem e realizem. Os erros fazem parte da evolução, da aprendizagem, da vida… Eu prefiro arrepender-me do que faço do que do que não cheguei a fazer. Para mim e por mim, desculpem a imodéstia, o meu país não seria um “Portugal dos pequeninos”! E temos tudo para não ser. Basta divorciar o medo e a insegurança…. Basta ACREDITAR!
P.S. O hino nacional, aqui, abriu todos os eventos públicos onde estive em Florianópolis e em São Paulo, com entidades do Estado, presidentes de grandes empresa e jornalistas premiados pela sua carreira. Em 5 dias, ouvi o hino do Brasil 3 vezes. As pessoas presentes nas diferentes salas, em diferentes cidades e diferentes eventos levantam-se e acompanham a letra a cantar. Sente-se orgulho no país! Em Portugal isso seria uma “piroseira”! Dá que pensar…
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