(*) CEO da Havas Media
A racionalização dos investimentos dos anunciantes pode ser encarada por muitos como condicionante à crescente inovação nos media, virtude do actual contexto económico e social.
No entanto, as mais recentes alterações no contexto de media, introduziram disrupções interessantes, criando inúmeras oportunidades para as marcas. Em termos práticos, a crescente democratização da Internet originou o aparecimento de novas formas de comunicação, bi-direcccional, aumentando o poder de um consumidor cada vez mais atento, interventivo e produtor de conteúdos relevantes. O facto de o túnel de captação de cliente ser mais complexo, beneficia a interacção com um consumidor mais disponível para co-criar e contribuir para o desenvolvimento das marcas, influenciando os seus pares e tornando-se mais exigente perante as propostas que lhe são dirigidas, o que constitui uma oportunidade para os anunciantes escutarem melhor o consumidor e as suas necessidades.
Neste sentido, as acções de comunicação evoluiram para uma lógica de desenvolvimento da relação e de criação de valor para o consumidor, criando diálogos relevantes entre ambos e novas oportunidades para as agências de meios em termos de desafios em inovação de media.
Todas estas alterações, potenciadas pela actual situação económica, afectam as agências de meios numa componente fundamental: a racionalização dos investimentos dos anunciantes, que têm como desafio conseguir alcançar bons resultados com menor investimento.
Neste contexto, a necessidade de aumentar o know-how sobre os pontos de contacto relevantes, exige um maior esforço quer em pesquisa e desenvolvimento na procura de formas mais eficazes de comunicação em parceria com os vários meios disponíveis, quer na componente de avaliação da eficácia das acções. Por outro lado, o aumento da pressão sobre custos e recursos, leva à racionalização de equipas e à erosão das margens disponíveis para o desenvolvimento do negócio, obviamente a outra face do desafio actual.
A inovação terá então, de surgir em todas as vertentes do negócio. Será necessário utilizar skills diferentes dos actuais para planear as acções de comunicação, será fundamental promover a inovação junto dos meios como forma de diferenciação de marcas, e será crítico repensar a relação com o cliente, de modo a criar valor acrescentado, na partilha de insights do seu consumidor e na definição do caminho a seguir, maximizando desta forma, os objectivos para que a agência seja percepcionada pelo cliente como uma mais-valia a curto e a longo prazo.
Todas as condicionantes que se vivem pela actual situação económica podem ser de facto encaradas como obstáculos à inovação, mas esta é cada vez mais um must do, obrigando todos os players a encarar as condicionantes como oportunidades desafiadoras e a não baixar os braços.
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