16 de março de 2011

Opiniões que Marcam

(*) King of Lalaland


 


NOTORIEDADE


É um tema muito frequente em algumas discussões com colegas e clientes e surge normalmente quando estou a dar a minha opinião sincera sobre determinada campanha, como por exemplo a do Pingo Doce, que odeio profundamente pela estratégia populista, pelo vácuo criativo absoluto e pelo uso indiscriminado e intensivo de todos os clichés jamais criados em publicidade, e me atiram à cara com a notoriedade que a campanha alcançou ou com os bons resultados que teve.


 


A meu ver, elevados níveis de notoriedade apenas indicam que muita gente viu e se lembra da campanha e não me dizem rigorosamente nada sobre se isso acontece por bons ou maus motivos ou se isso trouxe alguma mudança emocional ou comportamental em relação à marca.


 


Sim é verdade que a velha fórmula da elevada exposição e cobertura dos anúncios consegue valores de notoriedade muito respeitáveis. Os sucessivos PEC do nosso actual governo também.


 


Há duas maneiras básicas de conseguir notoriedade, uma é aquela a que chamo do ‘método tabuada’ que tal como as lenga-lengas para decorar a mesma, privilegia a distribuição da mensagem à sua qualidade, massacrando o cérebro até à exaustão para aquilo nunca mais de lá sair (também conhecido por efeito música pimba). A outra é fazer conteúdos tão interessantes e mensagens tão relevantes que com toda a naturalidade são passadas de boca em boca.


 


Não é preciso ser um génio para perceber que a notoriedade da primeira solução é má e a segunda é boa. A primeira é cara e a segunda pode ser barata. A primeira é fácil e a segunda é muito difícil. A primeira já está ‘mecanizada’ e a segunda obriga a fazer as coisas de forma diferente e por isso dá mais trabalho.


 


Uma das campanhas que alcançou melhores resultados e índices de notoriedade de todos os tempos nos EUA, foi a do papel higiénico Charmin  que protagonizava um irritante Mr.Whipple. Esta campanha foi também votada como a campanha mais odiada de todos os tempos.
 


 


AUDIÊNCIAS


Ainda a propósito da notoriedade, esta está intimamente ligada ao tamanho da audiência que é também outro dos números que o velho mundo adora. Ora, por exemplo estar com a TV ligada num determinado canal é uma coisa, estar atento ao conteúdo que está a passar é outra, gostar do conteúdo que está a passar outra e ser influenciado pelo mesmo ainda outra.


 


O que quero dizer com isto é que podem estar 200 milhões de pessoas a olhar para o meu anúncio e nenhuma delas estar atenta ou pior ainda, nenhuma se interessar por ele.


 


Mais uma vez, não é o tamanho da audiência que importa mas sim a dedicação que ela dá ao conteúdo.



 


CRIATIVIDADE


Em publicidade, continua a ser entendida como a componente do trabalho que dá forma ao conteúdo e por vezes até é confundida com o próprio conteúdo. Por exemplo, é comum nas agencias e nos clientes, chamarem ‘criatividades’ às execuções dos anúncios. Equívocos.


 


Recorrendo a uma das muitas definições possíveis, Criatividade é a emergência de algo único e original.


 


Se uma agência de publicidade tem por objectivo gerar diferenciação, simpatia e empatia por uma marca, produto, serviço, causa, ideia, pessoa, Etc. (há quem diga que é vender, mas isso é mais um equívoco,  a publicidade e os publicitários publicitam, os departamentos comerciais e os vendedores vendem) então a criatividade deve ser uma constante elementar em todo o processo publicitário, começando por pessoas criativas em todos os cargos, que trabalhem de forma criativa de maneira a gerar estratégias e conteúdos criativos, as tais coisas únicas e originais.


 


Já agora, também era bom ver estas constante elementar da criatividade nos departamentos de marketing das empresas. Afinal, por quanto tempo mais poderão as marcas disputar um mercado cada vez mais informado e inteligente com posicionamentos e campanhas tão parecidos nos conteúdos, nas formas e na maneira de chegar às audiências?


 

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