(*) Professor de Marketing da Faculdade de Economia do Porto
Todos nós já percebemos que o País precisa de marketing. A competitividade das nossas empresas, a sua capacidade de expansão para marcados externos, depende, em muitos casos, da imagem que Portugal tem no exterior. Neste ponto, a questão que se coloca é simples: vender a “ideia” de um país é o mesmo que vender a “ideia” de um produto qualquer?
Para responder a esta questão, vou socorrer-me do Hexágono da Marca País desenvolvido por Simon Anholt. De acordo com esta ferramenta, a imagem de um país depende de seis factores:
Pessoas, isto é, as características da população em termos educacionais, das suas competências, da abertura à mudança, etc.
Governação, ou seja, a estrutura de governo e o seu nível de comprometimento e eficácia em termos de promoção da justiça, defesa do ambiente, democracia, etc.
Exportações, na medida em que a própria imagem dos produtos e serviços exportados pode influenciar a reputação do país.
Turismo, uma vez que revela o interesse que há no estrangeiro em visitar o país.
Cultura e património, não só o histórico, mas também ao nível daquilo que actualmente se faz em termos de literatura, pintura, arquitectura, cinema, etc.
Investimento e imigração, uma vez que revela quão atractivo o país é em termos de captação de novos negócios e das oportunidades de emprego que é capaz de oferecer e gerar.
Em suma, volto a questionar: é possível vender Portugal como quem vende um sabonete?
Não, não é. Claro que muitos dos princípios e ferramentas de marketing podem e devem estar presentes na promoção da imagem do nosso País: a segmentação e o targeting são aspectos importantes. O posicionamento é essencial. Mas depois há múltiplos factores que tornam um país específico, distinguindo-o da generalidade dos produtos e serviços.
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