(*) CEO Havas Media
Alguém se lembra como é que eram combinados os encontros quando não existiam telemoveis, como é que se realizavam compras quando não existiam cartões multibanco, ou mesmo como é que se procurava informação de forma rápida antes de existir o google?
Na semana passada, durante uma conferência a que estava a assistir e onde se discutiam as alterações estruturais que os vários sectores de actividade estão a atravessar, um par de jovens na casa dos 20 anos de idade sentados à minha frente comentam entre eles… “inacreditável, nestes últimos anos tanta coisa mudou… o que era, já não é!”.
E, de facto, retive esta expressão, pelo que enquadra em termos de tomada de consciência que o mercado em que desenvolvemos as nossas actividades está em perfeita mutação.
Ao tentarmos fazer uma retrospectiva, verificamos que a nossa memória é efectivamente curta, na medida em que dificilmente conseguimos reconstituir alguns padrões de comportamentos sociais e de consumo que tínhamos há 20 anos atrás.
Mais me impactou pelo facto de terem sido dois jovens recém-licenciados que trocavam este comentário. Eles que nasceram, e se desenvolveram, num contexto completamente diferente, tecnologicamente mais evoluído, onde os computadores e a internet eram uma realidade claramente disseminada.
De certa forma, encontro um paralelismo entre a tomada de consciência destes dois
jovens, e o efeito que teve o pequeno video de Karl Fisch “Shift Happens” (numa clara colagem à expressão anglo-saxónica relativa aos fenómenos de mudança em que tudo pode estar posto em causa).
Curiosamente, grande parte das inovações que, de forma cada vez mais acelerada, surgem no nosso dia-a-dia, surgem como gadgets apelativos, transformando-se em ferramentas que alteram de forma radical o nosso comportamento de consumo, de bens, de serviços, de media e de informação.
Certo é que o ritmo não vai abrandar, e seremos impactados cada vez mais com novidades diárias que “prometem” revolucionar o futuro do marketing e da comunicação. Novos conceitos como Connected TV, Contextual Advertising, Location Based Information, Smart Surfaces, e muitos outros que estão em desenvolvimento obrigam os marketers a estar em permanente alerta se pretendem manter-se na liderança e diferenciar-se da concorrência.
Não nos podemos esquecer que o desafio para manter e construir marcas fortes e relevantes para o consumidor, passa por dominar não apenas os mecanismos tradicionais, mas principalmente por conseguir complementar com um novo conjunto de ferramentas e de regras de comunicação e marketing.
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