(*) Publicitário
“um quadro num museu ouve mais opiniões ridículas do que qualquer outra coisa no mundo”
Li esta frase algures, não sei quando nem onde e de imediato a associei ao mundo louco da publicidade.
Não vou invocar a ridícula discussão se publicidade é arte ou comunicação persuasiva, ou sedução ou felicidade ou promessas, ou outra coisa qualquer.
Mas a questão ajusta-se e cola muito bem ao momento do primeiro impacto da comunicação Anunciante / Consumidor.
É o momento chave, onde tudo se decide, ou quase tudo.
Se eu gosto do quadro, fico ali tipo parvo, para trás e para a frente rendido a apreciá-lo de alto a baixo.
Mudo de posição, procuro outras perspetivas e procuro decifrar algo que ainda ninguém viu…e normalmente deixo o preço para o fim, ou não, neste percurso visual.
Na publicidade não é bem assim.
Mas ela, no mínimo, deve-nos fazer parar e apreciar.
Caso contrário é deitar dinheiro à rua.
Eu acho que gostos discutem-se. E ideias também.
Acredito mesmo que muitas vezes é o nosso “mood” do momento que nos faz aderir ou não, àquilo que nos apresentam.
Depende do dia (e da noite de ontem, se foi ativa ou não) da nossa disposição, da nossa saúde (financeira incluída), do trânsito na A5, das notícias do mundo árabe e já agora do resultado do nosso clube.
Não devia ser assim. Estamos de acordo. Mas confesso que ao fim destes anos de vivência publicitária, este raciocínio não andará muito longe da realidade. Neste e em qualquer outro negócio.
E quem o negar, não estará a falar verdade.
Conclusão: antes de apresentar o que quer que seja, tente escolher o melhor momento.
O seu e o de quem o vai ouvir ou aturar.
Talvez assim tenha mais sorte. Talvez assim o resultado criativo final seja mais empolgante. E assim seremos todos mais felizes.
Já agora, espero que o leitor tenha sido apanhado num bom momento, o qual (ainda) não controlo.
Quem sabe, daqui a uns aninhos…
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