(*) Director de Marketing Volkswagen
Um artigo da semana passada na imprensa francesa relatava, com preocupação, o aparente ressurgimento do fenómeno anti-semita em França, país historicamente marcado por uma “antipatia surda” de vários sectores da sociedade em relação aos judeus.
Que factos sustentam esta preocupante afirmação?
Manifestações de rua organizadas por movimentos anti-semitas? Nem uma.
Casos de perseguição, exemplos de discriminação na vida pública? Muito menos.
Discurso político endurecido em relação à comunidade judaica? De maneira nenhuma.
A razão para que o fenómeno seja descrito como muito relevante tem que ver com o Google.
Com efeito, fica provado, com base em estatística significativa recolhida naquele motor de pesquisa, que os franceses vêm associando de forma crescente a busca de nomes de personalidades da vida pública à pesquisa do termo “judeu”.
Políticos, vedetas do mundo do espectáculo, gente da Media, muitos são escrutinados, na tentativa de perceber inquisitoriamente se há raízes judaicas (e por vezes homossexuais) em cada um deles.
Esta tendência é preocupante, efectivamente, de um ponto de vista social.
Mas o que me ocorre pensar, é que o potencial dos motores de pesquisa como gigantescos “agregadores de afinidade” – como é o caso – tem tanto de capacidade de previsão de comportamentos futuros (e os marketeers agradecem) como de intrusão na intimidade que pensamos ter com o écran do computador à nossa frente.
Comentários (0)