18 de fevereiro de 2011

Opiniões que Marcam

(*) Partner/CEO Excentric


 


 


Os hábitos dos consumidores estão a mudar a uma velocidade vertiginosa. E um dos hábitos que mais depressa está a mudar é a forma como consomem televisão.


 


A razão desta mudança tem a ver com a introdução do serviço de IPTV no mercado, como nas ofertas do MEO, Clix, Vodafone e agora a Zon Iris. IPTV é televisão sobre a forma de dados, o que quer dizer que passamos a receber em nossa casa o sinal de TV através de uma ligação de Internet. A grande mudança que isto provoca é que a transmissão de sinal passa de unidireccional para bidireccional. Ou seja, a televisão, que até agora era um meio de broadcast, passa a ser um meio de interactivecast. Nós podemos passar a comunicar com o que é transmitido.


 


Para quem ainda não tem em casa IPTV, toda esta explicação gera na sua cabeça um enorme “so what?”. Quem quer interagir com a TV? A TV é um meio próprio para quem quer relaxar e descansar um pouco e como tal, a última coisa que quer é estar em modo activo. A única interacção que pretendem é quanto muito o zapping, que sempre fez desde que há controlos remotos…


 


Mas para quem já tem o serviço instalado há algum tempo, o suficiente para apreender as suas características, sabe que nada podia estar mais longe da verdade…


 


É que não é só o poder fazer pausa a qualquer momento. Ou dar ordem para gravar toda uma série que se gosta, fazendo gestão de conflitos quando os há. É também o acesso a clube de vídeo, clube de músicas ou clube de jogos. É o ver, ouvir ou jogar quando nos apetece, o que nos apetece. E com fast forward, para cada vez que se quer acelerar um determinado conteúdo mais aborrecido…


 


Fazer um qualitativo com utilizadores de IPTV revela comportamentos que são no mínimo desconcertantes para quem acha que grande parte do seu budget de comunicação deve ser investido em TV. Isto porque consumidores com IPTV vêem cada vez menos TV em directo. Antes gravam o que gostam e vêem quando mais convém. E com isto deixam de ocupar tempo a ver programas dos quais não têm interesse (mas que sem IPTV veriam), pois há sempre algo do seu interesse gravado, e eliminam ver os intermináveis blocos publicitários, pois podem fazer fast forward. E com isto desaparecem muitos dos momentos em que as marcas se forçavam a entrar na vida dos consumidores.


 


Por agora esta ameaça é mitigada pela ainda baixa penetração da IPTV. Mas isso está a mudar muito rapidamente. Sem dúvida, prevê-se momentos muito difíceis para as marcas que insistem em investir grande parte do seu budget em blocos publicitários.


 


E reparem que alerto para os problemas de quem investe em blocos publicitários. Não necessariamente em TV. Isto porque da mesma forma que a IPTV é uma ameaça para os que teimam em manter comportamentos, é também uma oportunidade para os corajosos que experimentam adaptar-se aos novos tempos. A IPTV oferece um mundo enorme de formas diferentes para as marcas chegarem aos seus consumidores. 


 


Notem. A TV, como meio, não está a morrer. Muito pelo contrário. Cada vez temos mais ecrãs em casa. E não só em casa. Hoje podemos ter ecrãs no carro, no escritório, ou no bolso das nossas calças. Temos ecrãs em todo lado, com ligação à internet, logo com acesso a TV. E de uma forma mais abrangente, com acesso a conteúdos. E é este o grande shift que os marketeers têm de fazer. Deixar de pensar em anúncios de publicidade e começar a pensar de uma forma mais alargada, em conteúdos, que fazem chegar aos seus consumidores através da internet, e que podem ser vistos em TVs.


 


Como adaptar as estratégias de comunicação a estes novos tempos, a estes novos formatos, às potencialidades da IPTV, este será o tópico do meu próximo artigo.

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