(*) King of Lalaland
A criatividade, principalmente a publicitária, deve ser atenta e oportuna, relevante e pertinente e por isso, um bom criativo deve ser uma pessoa, animal, entidade ou criatura alienigena muito mais bem informado sobre tudo o que se passa que qualquer outra pessoa pessoa, animal, entidade ou criatura alienigena.
Não importa se os acontecimentos são previsiveis como o tradicional ralhete da porteira em relação às caixas de pizza na escada, ou se são surpreendentes como a ‘decisão’ de Mubarak de finalmente dar ouvidos a uns milhões de Egipcios muito zangados (já agora, e nós quando nos vamos zangar?). Se os vivermos com a justa intensidade, todos os momentos de um dia, podem servir de inspiração para debitar ideias.
Essas ideias não precisam de estar à espera de briefs, marcas, dificuldades ou oportunidades, devem explodir nos nossos cerebrozinhos ou no outro orgão onde elas lhe costumam aparecer, com o ritmo mais frenético que lhe for possível. Faz bem ter ideias e é incrivelmente bom ter ideias.
Ao contrário do que muitos dos meus pares acreditam, as ideias tem um tempo de vida e sabem francamente melhor quando servidas frescas e hoje em dia temos tantos recursos técnicos à disposição que até se conseguem fazer umas coisas giras com meia duzia de moedas.
Por antitese ao que muitos dos meus pares acreditam, ter ideias é fácil, o que é dificil é que elas sejam mesmo boas o que, por incrível que pareça, pode acontecer com ideias não tão boas quando partilhadas com alguem que lhe acrescenta aquele detalhezinho que de repente lhes dá outra dimensão e as transforma noutra coisa, desta vez boa.
Em contradição com as crenças de alguns dos meus pares, ter ideias por tudo e por nada é bom e saudável e ter coragem para as propor a alguem que possa investir na implementação é também uma boa ideia. Quando o negócio não nos bate à porta, vamos nós bater à porta do negócio.
Enfim, tudo isto para dizer que o panorama criativo português tem tudo para ser muito mais interessante e que me parece que em vez de aproveitarmos a mó de baixo para ter ideias para passarmos para a de cima, continuamos todos a carpir e a carpir e a carpir e a fazer tudo da mesma maneira.
Todos não. A Luciana Abreu e o Djaló, tiveram uma ideia, criar um nome que nunca ninguem havia criado (pergunto-me porquê?) e se essa ideia foi muito má para a pobre criança, foi uma ideia genial para animar este aborrecido país.
E todos não porque a Torke, teve uma ideia que foi fazer uma aplicação que ‘Lyoncifica’ o nosso nome, cheia de defeitos e que podia estar muito mais bem desenvolvida mas que oportunamente a puseram na rua, à bruta e sem contemplações, fresquinha como já disse que as ideias sabem bem.
E todos não porque bateram à porta da Tagus, ou vice-versa, que se colou ao sucesso da aplicação e lá marcou mais uns pontos no seu redefinido público.
Que pena que tenho que nem todos os criativos e criadores portugueses se mantenham de pé a surfar esta onda de mudança a que insistimos em chamar de crise.
Lyoncificai senhores. Lyoncificai.
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