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Janeiro foi um mês fértil em acontecimentos.
Começou na banca, com o BPN, o banco de confiança que teve o aval do Figo e do Scolari nas campanhas em 2004, com o BPP e o anúncio do poeta Alegre em longo copy de página dupla na revista Única/Expresso e acabou tristemente em Times Square, com as piadinhas do saca-rolhas e dos tintins.
Pelo meio, a demissão do presidente do Sporting. Um clube, que tal como o país convive bem com a crise. O seu presidente falhou redondamente em forma e conteúdo na sua Comunicação. E se isso numa empresa é vital, no mundo da bola onde os holofotes e os microfones também jogam, é uma questão de vida ou de morte.
No meio destes episódios à portuguesa, julgámos nós que íamos assistir a uma campanha eleitoral.
Puro engano. Alguém deu por ela? Se sim, foi pelas piores razões.
3 semanas itinerantes com candidatos mais ou menos surreais, a percorrer o país de lés-a-lés. Beijinho para aqui, abraço para acolá. Enfim, o déjà vu do costume.
Cavaco Silva é normal e natural…
Manuel Alegre, o desespero de uma esquerda podre e dividida. Não é o candidato da esquerda. É o candidato antidireita.
Fernando Nobre, mon AMI, caiu na tentação do poder.
Francisco Lopes, porque já faz parte da estratégia de insucesso do PC.
José Coelho, da Madeira, para dar algum tempero à corrida.
E o outro, porque há sempre um outro…
Houve alguma mensagem relevante nos discursos ? Houve ideias?
Como é que as novas gerações reagem a tudo isto? Não reagem. Encolhem os ombros! É mau! Muito mau… E a nossa débil democracia sofre e hoje já metade dos portugueses dizem estar pior agora do que antes de 25 de Abril 74.
Estas campanhas tiveram uma coisa boa. Menos outdoors.
Menos poluição visual e sonora… mas também menos conteúdo.
Umas arruaças e uns comiciozitos em recintos de tamanho QB.
Se a política fosse tratada como nas empresas, então, face a um diagnóstico, marcado pelo desemprego, por uma economia inerte, por um endividamento crescente, e outros males maiores, seria normal termos ouvido propostas de solução para os problemas. Mas não! Não ouvimos nada de jeito.
Acho que é um problema que atinge este país. Não se pensa, ou pensa-se pouco. Age-se no dia-a-dia e empurra-se os problemas com a barriga (cada vez mais vazia).
Um país que carece há décadas, de uma Visão estratégica, simples e objectiva.
4 perguntas que fazíamos muito nas agências de publicidade, quando tínhamos projectos novos pela frente.
Onde estamos?
Porque estamos aqui?
Onde queremos estar?
Como chegar lá?
Este país merece esta reflexão séria e profunda. Caso contrário vamos continuar na cepa torta e condenados a ser pobrezinhos a vida toda.
Desta campanha, neste triste e frio Janeiro, recordo Cavaco em cima dos carros a fazer fixe com os polegares para cima e pouco mais.
E a campanha que me ficou na retina foi só uma: a da ZON IRIS.
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