Apaixonei-me pela publicidade televisiva há já alguns anos, talvez uns trinta, e ouço hoje alguém contar que já em pequenina me sentava à frente da TV a ver os designados “reclames”, quando os produtores de anúncios e criativos ainda não tinham ao seu dispor os recursos tecnológicos tão em voga nos dias de hoje.
Diria mesmo que o brilho e a espectacularidade de alguns cenários e contextos publicitários são relativamente recentes. Contudo a força com que os anúncios irrompem através dos programas, invadindo sem pedir licença as nossas salas de jantar e quebrando muitas vezes o registo mais ou menos de informação ou mais ou menos de entretenimento que caracteriza os restantes programas, faz dos anúncios agora como no passado momentos diferentes.
Não esquecendo os interesses empresarias óbvios e legítimos por detrás de cada campanha publicitária, o dinamismo, o ritmo, a cor e cada imagem, som ou palavra criteriosamente seleccionadas para surtir o efeito desejado, congregam um todo que ou porque espelha a nossa realidade diária ou porque nos convoca para ideais muitas vezes escondidos (ou nem por isso) que gostaríamos de alcançar, em tudo tem a ver connosco.
Os anúncios encerram em si mesmo uma linguagem, que se adivinha nos personagens e cenários e nas próprias histórias que se contam sobre o lado bom da realidade, como se o produto ali apresentado fosse uma solução mágica encontrada que merece ser de alguma forma alegremente festejada…
É claro que nesta actividade profissional como noutra qualquer existe quer do ponto de vista da produção quer do ponto de vista do discurso, fórmulas mais interessantes que outras, mas são cada vez mais aqueles que celebrando as marcas celebram de alguma forma a vida.
Poder-se-ia então perguntar: e afinal quem não gosta de festa?
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