17 de dezembro de 2010

Opiniões que Marcam

(*) King of Lalaland


 


Nos últimos dias o mundo tem andado às voltas com o caso Wikileaks, a sua publicação das comunicações secretas da diplomacia norte americana e a posterior e ‘casual’ detenção por ‘crimes sexuais’ do seu criador, o hacker Julian Assange.


 


Muitas pessoas, incluíndo algumas que admiro e respeito, como o presidente Obama, estão felizes com esta detenção que, quanto a mim, é uma tentativa desesperada e à moda antiga de castigar e oprimir a verdade. Espero que seja também uma das últimas.


 


O que Assange e os seus colaboradores fazem é pura e simplesmente tornar público aquilo que os velhos poderes querem manter oculto porque, como é óbvio, abanam a sua instituição, põem em causa a sua integridade e podem até fazer rolar cabeças, empresas, instituições, sistemas e valores. O Wikileak é apenas um defensor da transparência, esse sim um valor imutável e muito procurado pela nossa espécie, que infelizmente sempre foi facilmente opacizado pelos interesses mesquinhos de alguns.


 


Mas o que tem isto a ver com o universo das marcas? À partida não teria grande coisa, não fosse esta ânsia de transparência um desejo crescente pela parte das pessoas também enquanto consumidoras, e a tal falta dela um mal residente por parte de algumas marcas, possivelmente geridas pelas tais minorias mais interessadas na manutenção do ‘status quo’, que na real satisfação dos seus clientes. É claro que nada disto é novo, mas o velho mundo, perito em manipular as massas e ocultar os podres, está em vias de extinção com a tal revolução que está a ocorrer e que espero sinceramente que gere pessoas melhores, mais cultas e informadas, e uma sociedade, também ela, consequentemente melhor.


 


Nas minhas relações com grandes agências e grandes marcas, assisti a alguns disparates que foram ocultados, movidos umas vezes por falta de visão, outros por falta de inteligência, e alguns por falta de integridade, que se não têm um milésimo da importância das revelações do wikileaks, dariam certamente para muitos de nós nunca mais querermos nada com as marcas responsáveis por eles. Como consumidor, continuo a assistir a algumas prepotências e arrogâncias da parte de algumas marcas que esperam que passem despercebidas. Parecem não se ter ainda percebido que cada um de nós é um Julian Assange em potência com o poder para lhes causar muitos milhões de euros de prejuízos e outras dores de cabeça. E ao contrário do que pensam algumas mentalidades menos despertas, já não é preciso ‘tempo de antena’ numa TV ou jornal, para termos muitos espectadores atentos, solidários e dispostos a passar à acção.


 


Ainda por cima parece-me relativamente fácil deixar de ter medo da transparência, basta não ser arrogante, não ter esqueletos escondidos nos armários e agir com consciência e em consonância com aquilo que dizemos e defendemos publicamente. E quando as coisas são assim fica tudo mais natural e fácil, mais próximo e honesto e torna também mais fácil tolerar e até perdoar um disparate ou outro.


 


Quando George Orwell escreveu o seu 1984 nunca poderia imaginar que vinte e poucos anos depois da data prevista, o Big Brother existe mas não é dominado por um poder obscuro. É nosso, de todos nós, das ditas pessoas comuns, e está atento à honestidade por parte de todas as entidades que connosco se relacionam, sejam elas altas instituições do estado, ou a marca de detergente que nos promete roupa mais branca.


 


Adoro este ‘admirável mundo novo’.

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