10 de dezembro de 2010

Opiniões que Marcam

(*) Brand Design Manager/Brandia Central e Presidente do Clube de Criativos de Portugal


 


Esta é a minha primeira colaboração com a rúbrica Opiniões que Marcam, e quem não me conhece ou aqueles que só se lembram de mim do tempo em que eu era guarda-redes substituto da equipa de juniors do Estoril Praia, podem consultar os meus títulos logo no início deste artigo. Esclarecedor ou nem por isso? Se bloqueou a resposta “nem por isso”, está… certo!


 


A procura de coordenadas profissionais ou sociais é natural, visto o ritual da troca de cartões pessoais no início de uma reunião, o inevitável lançamento da trivial questão “e você, o que é faz?” quando, num jantar, nos sentamos ao lado de alguém até então desconhecido. O eventual passo seguinte, tanto num caso como no outro, é recebermos ou enviarmos um convite para adensarmos uma lista de contactos de uma qualquer rede social.


 


Essa espécie de rotulagem que parametriza o nosso gps das relações já foi mais fácil de gerir, ou antes, já fez mais sentido. Principalmente neste nosso mundo da comunicação e da criatividade, onde os pressupostos de actuação frente aos desafios são cada vez mais abrangentes, ao mesmo tempo em que as fronteiras disciplinares têm vindo a tornar-se cada vez mais ténues.


 


Essa definida-indefinição de papéis (que me leva a imaginar como seria o cartão pessoal do Leonardo da Vinci), reflecte na perfeição aquilo que se vislumbra como o panorama futuro da matéria criativa.


 


É um facto que os projectos multidisciplinares têm vindo a ganhar, de ano para ano, uma relevância cada vez maior nos festivais por todo o mundo, em Portugal inclusive, daí estar a ser criado para o próximo Festival do CCP uma categoria específica para os projectos mais abrangentes que, ou não cabem num mesmo cesto, ou espalham-se pelos cestos todos dificultando o processo de avaliação.


 


Ora, se acreditarmos que o que é valorizado nesses festivais é aquilo que a indústria produz para atingir os seus objectivos, e que isso por sua vez só acontece se os consumidores receberem aquilo pelo que anseiam, então o futuro da comunicação passa pela despartamentização, pela desfunção e pelos descargos.


 


Ainda esta semana tive de explicar a uma estudante de mestrado em Design que ela não precisa dominar todas as vertentes e softwares existentes, conforme algum professor-papão lhe insinuou. Ficou tão surpreendida quanto aliviada.


 


Seremos cada vez mais profissionais especializados nas aptidões, mas com mentalidades generalistas, assumindo uma maior flexibilidade comportamental, irrestrita às nossas capacidades técnicas ou aos títulos que constam nos nossos cartões pessoais e artigos de opinião. A isto não escapam Brand Design Managers nem tão pouco Presidentes.

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