Parar de fazer de conta que os problemas são dos outros
Num momento em que todos os líderes analisam com enorme preocupação os efeitos que o Orçamento Geral do Estado para o próximo ano terá no consumo em Portugal, deveria também ser o momento para a Indústria e Distribuição discutirem de uma forma assertiva que medidas devem tomar para sobreviverem aos próximos dez anos.
É impossível continuar a fazer de conta que o crescimento das Marcas da Distribuição cria apenas um problema para a Indústria, quando todos sabemos que este crescimento está a provocar uma deflação enorme no cabaz de compras e automaticamente um decréscimo das margens da Distribuição que se tornará insustentável.
É impossível continuar a fazer de conta que a Indústria pode permanecer a suportar o decréscimo de margens da Distribuição com o aumento de investimentos que não representam qualquer valor adicional para o seu negócio. Mantendo este modelo de negócio estamos a matar a inovação relevante, estamos a diminuir a qualidade das pessoas que trabalham no grande consumo e estamos a privar o consumidor nacional de ter em suas casas Marcas que satisfaçam os seus hábitos e atitudes.
É impossível continuar a fazer de conta que a inovação que tem sido introduzida pela Indústria nos últimos 20 anos no mercado continua a surpreender o consumidor e criando valor adicional para a sua vida. Todos sabemos que as maiores inovações estão a chegar das indústrias como a electrónica em que a Apple se tornou uma verdadeira marca Original.
É impossível continuar a fazer de conta que o consumidor mais do que nunca só está preocupado em comprar a preços baixos. O que o consumidor sempre procurou e irá continuar a procurar é fazer bons negócios e comprar Marcas realmente originais que o surpreendam diariamente.
É tempo dos líderes entenderem que apenas um trabalho conjunto entre a Indústria e a Distribuição poderá representar crescimento sustentável para ambas as partes. Se isto não acontecer o que vamos continuar a assistir será ao aumento do desemprego na indústria do grande consumo com a saída das Multinacionais de Portugal ( incluíndo o que a Distribuição chama de Escritórios Comerciais ), ao fecho das poucas unidades fabris que o país ainda dispõem no sector do grande consumo e ao desaparecimento das poucas Marcas Nacionais de referência que sempre nos acompanharam desde que nascemos.
É tempo de mobilizar Equipas para construir valor em conjunto e de ter uma capacidade de resiliência para vencer todos os obstáculos que a diminuição do rendimento disponível por parte do consumidor irá provocar no sector do grande consumo.
É tempo da Distribuição e a Indústria trabalharem em conjunto para aumentar o nível das exportações quer seja para os mercados lusófonos quer seja nos mercados onde alguns Distribuidores têm hoje posições relevantes.
Let’s do it.
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