21 de outubro de 2010

Opiniões que Marcam

* Professor de Marketing da Faculdade de Economia do Porto


 


 


Não resisti à tentação de falar sobre a situação do País. Toda a gente já percebeu que as coisas vão mal e os principais problemas estão identificados. Primeiro, perdemos quase totalmente a confiança dos credores – o que se traduz não só no facto de praticamente ninguém nos emprestar dinheiro (à excepção do Banco Central Europeu) mas também nas elevadas taxas de juro que nos são cobradas. Em segundo lugar, temos um forte desequilíbrio nas nossas contas. Nas públicas, como se sabe, mas também nas privadas – veja-se, por exemplo, o elevado índice de endividamento das famílias. E, em terceiro lugar, Portugal tem uma competitividade muito reduzida. Pior ainda: temos vindo a perder competitividade a olhos vistos. No último relatório produzido pelo World Economic Forum o nosso País aparece na 46ª posição a nível mundial. Em 2005 éramos o 31º. Ou seja, em 5 anos caímos 15 lugares no ranking da competitividade.


 


Os desafios que temos pela frente resultam daqui. O mais urgente é recuperar a confiança dos credores. Depois, há que pôr ordem nas finanças. E, por último, há que resolver o problema da competitividade. Quando digo “por último” não significa que seja o menos importante. Pelo contrário, é aqui que reside o problema: quem não é competitivo não cria riqueza, e quem não cria riqueza também não a consegue distribuir. Se a isto somarmos o descontrolo das contas, temos o quadro completo.


 


Espera-nos, pois, muito trabalho pela frente. O que não podemos esquecer é que somos nós, todos nós Portugueses, que temos que resolver o assunto. O problema é de tal modo grave que não é questão para ser resolvida exclusivamente pelo Governo ou pelo FMI ou por outra entidade qualquer. É um problema de todos que exige o envolvimento de todos.


 


Não basta pedir sacrifícios. Não basta aumentar impostos e reduzir a despesa. É preciso um forte empenhamento, elevada motivação e grande comprometimento com os desafios que temos pela frente. E para isso precisamos que haja um bom e eficaz marketing interno, isto é, um marketing virado para a motivação dos portugueses. Há, acima de tudo, que congregar os esforços de todos num desígnio colectivo que vá para além do “arrumar da casa”. Por outras palavras, há que desenvolver um projecto para Portugal que inclua uma missão, visão e valores que venham a ser partilhados pela generalidade dos cidadãos. Sem isso, não faremos outra coisa se não lamentarmo-nos, em nada contribuindo para a resolução dos nossos problemas.


 


Parafraseando o Presidente John Kennedy, precisamos de líderes (políticos, empresariais, autárquicos, associativos…) que nos digam: “escolhemos este rumo, não por ser fácil, mas por ser difícil. Porque esse objectivo servirá para organizar e medir o melhor das nossas capacidades e energias. Porque esse desafio representa o que nós queremos aceitar, o que não queremos adiar e o que tencionamos vencer”.



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