18 de outubro de 2010

Opiniões que Marcam

* Director de Relações Institucionais, Marca e Comunicação Sonae


 


Nos últimos meses tenho-me deparado com uma atitude curiosa sempre que faço compras de produtos perecíveis. A reacção não é mais do que escolher em cada uma das categorias de produtos que compro aqueles que têm origem em Portugal. Começou por ser um comportamento espontâneo, mas algum tempo depois comecei a racionalizar essa atitude e hoje já o faço como critério de escolha de todos os produtos que compro.
Na realidade hoje também o faço porque estou convencido que este é o contributo que posso dar para inverter a inércia catastrofista para onde o país está a ser arrastado a alta velocidade. 


 


Nunca é demais recordar John F. Kennedy no seu discurso de posse em Janeiro de 1961: “And so, my fellow Americans: ask not what your country can do for you — ask what you can do for your country.”


 


Estou por isso convencido que a disseminação deste comportamento só pode ajudar o nosso país, senão vejamos.  Se cada um de nós consumir um pouco mais de produtos nacionais o efeito desse comportamento provocará um aumento da produção desses produtos; ao se aumentar a produção quer a agricultura, quer a indústria nacionais não só se tornarão mais competitivas pelo aumento da escala de produção, como poderão tornar os produtos nacionais mais competitivos em mercados internacionais provocando um aumento das exportações. Por outro lado será imediato o impacto na redução das importações, na quase exacta medida e proporção do aumento que se registar na procura interna, melhorando a performance da nossa balança comercial. Não menos relevante será o impacto ao nível da criação de emprego, aumento do consumo, receitas fiscais, and so on, and so on, and so on…


 


A esta altura do texto perguntar-se-á o leitor – “mas quando é que ele fala em Marketing ou em marcas? “ Falo precisamente agora, porque o início deste ciclo virtuoso começa precisamente nas marcas e na sua comunicação.


 


Considero crucial que os produtores nacionais tirem partido desta vantagem competitiva no Mercado nacional decorrente do contexto político, de alguma forma, proteccionista que se vive actualmente na Europa. Muito se fala em procurar novos mercados para expandir negócios, no entanto há muitos e muitos sectores em que não vale a pena tentar conquistar mercados externos quando ainda não se explorou o interno, deixando-o dominado por produtos importados de geografias bem distantes da nossa.
 


Na minha modesta opinião, esta é uma conjuntura em que as marcas e os produtos Portugueses deveriam tornar ainda mais explícito a sua origem Lusitana – nas embalagens, na comunicação, na publicidade, na sua atitude. Há que aumentar a visibilidade da marca Portugal não só na rua e na televisão, mas também nos espaços comércais. A marca Portugal tem que vencer a batalha nas prateleiras deste país porque hoje, mais que nunca, consumir Portugal é criar riqueza.


 


Portugal tem muito a ganhar se continuar a desenvolver marcas relevantes para os consumidores porque, no contexto em que vivemos, as empresas e as marcas serão tão melhor sucedidas quanto mais fizerem passar para os todos nós o quão positivo e fundamental é para o país consumir produtos “Born in Portugal”.  

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelasMiguel Rangel*

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