*Director Mercados Internacionais Sumol+Compal
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Acho que já todos percebemos que a Inovação é o grande desígnio e única salvação das marcas, das empresas, do país.
Por todo o lado se escutam pungentes hossanas em defesa da Inovação, dos mais altos responsáveis ao estudante da faculdade.
Ok, vamos admitir que sim.
Mas o dizer-se muito não quer dizer que se faça.
Algumas “inovações” estão para as marcas como as rotundas para o investimento autárquico: custam dinheiro mas deixam os “consumidores” indiferentes (no mínimo).
A diferença entre uma “inovação” e uma “novidade”, para mim, reside sobretudo na relevância que as Pessoas lhe atribuem: quanto mais aderem a ela, mais “inovação” se torna.
Sei que é aborrecido para quem teve tanto trabalho a mudar alguma coisa que existe, sei que quando se olha para uma coisa que ficou diferente apetece logo pô-la na cesta das “inovações”. E, no entanto, é esse o risco do verdadeiro Inovador: some you win, some you lose.
Não tenho dúvidas que a nossa vida fica muito melhor de cada vez que alguém cria algo de novo, de cada vez que alguém muda.
Mas mudar-um-bocadinho uma embalagem, ou arranjar um conceito-ligeiramente-diferenciador e atribuir-lhes propriedades de descoberta do fogo ou do caminho marítimo para a India parece um pouco exagerado. E contribui para desvalorizar a imagem que se tem da “inovação” e, em última análise, do “marketing”.
Só que é uma doença que vai pegando, toda a gente sabe que “quem não inova morre”, e por isso toca de anunciar “inovações”, à medida que se definha.
Para harmonizar conceitos, para meu uso pessoal prefiro uma classificação das “inovações” em 3 escalões:
1. Novidades
2. inovações (com letra pequena)
3. Inovações (com medalhas e fanfarra)
Os saltos de escalão ocorrem por via da intensidade e abrangência da tal “inovação”. Sendo o supremo teste a tal Relevância.
(Para não ofender ninguém, deixei de fora o “grau zero”, que designaria como “barretes”, que são as iniciativas que só são novas ou relevantes para o departamento de marketing que os criou).
Em abono da verdade, diga-se que “a Crise” fez estancar um pouco a energia criativa de há poucos anos, em que se prometiam “inovações mensais” ou revolucionários “break-throughs” como se abundassem os almoços à borla. A humildade que advém dos resultados passados ou a tirania dos EBITDAs terá dado conta de algumas ambições menos ajustadas à realidade.
E pode muito bem ser que da tal crise-que-é-oportunidade resultem novas lições, alguma humildade e sobretudo mais capacidade de fazer mesmo coisas melhores.
Até ao próximo boom, altura em que tudo será de novo esquecido…
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