De Ricardo Tomaz Director de Marketing da Volkswagen
Numa entrevista recente à revista Briefing, o presidente-executivo de uma grande cervejeira nacional, traça um perfil marcadamente depreciativo dos Directores de Marketing.
Independentemente de uma eventual vontade de ser provocatória “para fora” ou de querer enviar mensagens “para dentro” (se foi esse o objectivo, só pode ter resultado), esta entrevista tem o mérito de nos fazer reflectir urgentemente sobre uma nova geração de Directores de Marketing.
A importância do Marketing é crescente nas organizações : “tudo é Marketing” no sentido em que todos, desde o porteiro até ao CEO, devem ter consciência de como a sua relação com o exterior da empresa afecta o negócio.
Daí se poder dizer que a estratégia de Marketing se confunde cada vez mais com a estratégia do Negócio. O que não significa que o Marketing seja “o” Negócio…e muito menos que quem decide do Negócio (o CEO) se deva confundir com quem decide do Marketing. Cada macaco no seu galho.
É verdade que, durante vários anos, muitos Directores de Marketing se puseram “a jeito”.
Acomodaram-se dentro das organizações, à sombra de um estilo de vida agradável (já que tinham a fama é normal que tivessem o proveito) e pouco preocupados com o seu desenvolvimento pessoal ou de carreira o que levou a que muitos Directores de Marketing estejam demasiados anos nas suas “quintas”.
Fecharam-se na sua função, e, por vezes, levaram as suas equipas a fazer o mesmo, isolaram-se arrogantemente do resto da organização, criaram afastamento dos seus pares das Direcções de Vendas ou das Direcções Financeiras.
Trataram os seus investimentos com demasiada intuição (que tão necessária continua a ser, no entanto), desprezando os instrumentos de Return on Investment, o que lhes reduziu a credibilidade.
Desalinharam-se assim do Negócio.
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Muitos mas não todos. Uma nova geração de profissionais – a que se começa a chamar pomposamente (mas com significado) CMO -Chief Marketing Officer – soube levar o Marketing a envolver-se com a estratégia global do Negócio, pondo o cliente no centro dela, e a interessar-se pela sua contribuição para o P&L.
Os verdadeiros CMO criaram com os CEO inspiradoras relações de parceria, acederam a um nível hierárquico superior na organização e criaram liderança porque se apropriaram do Negócio.
É assim que deve ser: quebrar os paradigmas puxando as organizações para cima e não desvalorizando as suas funções primordiais.
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