28 de junho de 2010

Opiniões que Marcam

* Presidente do Grupo GCI




“São as consultoras de gestão uma ameaça às [consultoras] de Public Relations?”, perguntava há umas semanas o PR Week.


 


Há quatro anos, quando a gigante FTI Consulting comprou a Financial Dynamics (FD), pensou-se que teria sido dado o sinal de partida para uma longa lista de compras de agências de PR e que, finalmente, o sector veria reconhecido o seu real nível de influência.


 


O futuro, porém, foi diferente, apesar da crise económica, que aceleradamente colocou a questão da reputação das empresas na linha da frente das suas preocupações.


 


Não é de estranhar que, questionado para o artigo, o director de comunicação da KPMG UK, Gavin Houlgate, tenha dito que sim, os clientes falam cada vez mais de reputação e que este serviço, ainda que lhes seja prestado, não é core para uma consultora de gestão. Por aqui, estamos conversados – e a pergunta inicial deste artigo, respondida.


 


O que nos leva a outra questão. No meu último artigo abordei aqui um dos temas do momento – quem deve ficar com a gestão das estratégia de redes sociais das marcas: agências de Public Relations, publicidade, digitais, departamentos de marketing…? A verdade é que, embora pense que nós, consultoras de PR, teremos mais armas para ganhar esta luta – por todo o nosso histórico –, não há uma verdade absoluta nesta questão.


 


Ora, há pelo menos cinco anos que ouço e leio que as fronteiras estão a esbater-se. E eis que, finalmente, creio que chegámos a esta situação. Hoje, as empresas estão a ir directamente aos seus consumidores, e a ascensão das redes sociais e o declínio da confiança nas empresas, Governos ou media – sobretudo estes dois factores – estão a levar as marcas a tornarem-se mais transparentes e credíveis para os seus clientes.


 


Estas duas tendências podem ser fundamentais para mudar o jogo a nosso favor. Hoje não basta transmitir uma mensagem, há que envolver todos os stakeholders, (saber) falar de coisas tão específicas como responsabilidade social, sustentabilidade, saúde ou inclusão social.


 


Como revelou Augusto Mateus em Abril, na apresentação do Edelman Trust Barometer Portugal, hoje vive-se uma sensação “fim de festa” e, se algo sabemos da sociedade do futuro, é que ela acabará com o egoísmo, individualismo e subjectivismo dos últimos anos – e apenas as empresas que conseguirem corresponder a todas as necessidades dos seus stakeholders irão ser bem sucedidas.


 


Assim, a crise financeira poderá proporcionar às agências de Public Relations – pela sua diversidade e competências multidisciplinares – passar a jogar noutro campeonato da consultoria.


 


A oportunidade está aí. Iremos aproveitá-la? Uns sim, outros infelizmente não. Mas, ainda assim, vivem-se dias entusiasmantes nas Public Relations, com novos desafios e oportunidades a surgirem todos os dias.


 


Sim, é um período confuso, mas todas as revoluções – ou melhor, evoluções – o são.

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