*Por João Tovar, Director Geral da Restart
Parte I - O Crescer do Ódio
O que interessa menos na publicidade são os publicitários. E diria, das coisas que menos interessa às pessoas é a publicidade, ou pelo menos, a esmagadora maioria dela. E quando é “boa”, é engraçada e efémera. E muito raramente fica na memória colectiva. Mas nem sempre foi assim.
A publicidade nasceu sempre da cultura popular e a ela volta sempre, transformando-a. Mas nas últimas décadas fomos apanhados de surpresa por um mundo já totalmente “planetizado”. Um miúdo de Rio Tinto joga online com uma mulher de meia idade em Tóquio, ao mesmo tempo que come torradas barradas com manteiga fresca da Nova Zelândia.
E a comunicação do “compre” e até do “sinta” (não vendemos produtos, vendemos emoções) esfregada nos nossos olhos e ouvidos até à exaustão (estamos sempre consigo onde estiver, até no urinol) está a gerar pequenos ódios e um profundo cansaço não só nos consumidores, mas também em quem é pago para falar connosco. Nunca se viram tantos gestores, directores de marketing e publicitários perdidos e exaustos. Será que ninguém percebeu ou quis perceber o fenómeno Pingo Doce? Tipo somos todos uma grande família autêntica, calorosa e feliz…Não ganha Cannes mas dá milhões.
Parte II - Onde o Autor se Julga um Chico Esperto e Lança Pistas (ou Em Direcção ao Túnel do Amor)
Sim, a publicidade como a conhecemos chegou aos seus limites. A técnica tsunami, não confessada mas abundantemente usada (se tens “meios” nós inundamo-los) dá os últimos estertores num mar de ineficácia.
Os canais de massa como a tv e rádio generalistas e até os grandes portais web vão ficar cada vez mais reservados ao seu papel de agregadores sociais para os grandes eventos de entretenimento e informação.
Também não chega tentar ser original, social ou ambientalmente correcto, moderno com os new media, ou personalizar só para ter mais atenção.
Basicamente não chega Fingir que nos importamos com o consumidor. Precisamos Querer verdadeiramente fazer uma comunicação verdadeira, isto é, que percepcionemos que pode mesmo interessar ao nosso vizinho, colega ou amigo. Uma coisa é seduzir ou “fazer charme”, outra é mentir.
E last but not the least, senhores empresários, gestores e directores de marketing: se o vosso produto ou serviço não presta (e existem muitas maneiras de não prestar), a publicidade e a comunicação não fazem milagres (ou pelo menos, para muita gente ao mesmo tempo e durante muito tempo).
Parte III - Dica da Semana (para o autor aspirar a honras de banca nos postos de gasolina)
As comunicações digitais interactivas, nomeadamente a web 2.0 (com as redes sociais) podem permitir (o que ainda não acontece exactamente) a interacção com cada utilizador individual através do seu perfil personalizado, isto é: os seus gostos, interesses, localização, etc. O que faz com que eu possa direccionar a comunicação e publicidade para as pessoas que a Queiram mesmo receber e até com ela interagir. Enquanto, Como e Quando Quiserem.
E agora, sabedoria das sabedorias de guru: vai ser a tal pessoa a querer e a, surpreendentemente, Pedir publicidade específica sobre a sua marca, produto, etc favoritos.
Sim, é possível amar depois de odiar. E sermos amantes de quem quisermos.
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