Acredito que já tenham ouvido falar do famoso Media Lab do MIT (Massachussets Institute of Technology), fundado nos anos 80 por esse visionário optimista chamado Nicholas Negroponte, e cujo objectivo é desenvolver tecnologia ao serviço das pessoas.
Negroponte, para além de ter lançado o projecto (depois associação, www.laptop.org) chamado “One laptop per child”- verdadeiro antecessor do Magalhães na prática, mas mais nobre no espírito – afirmou-se como um interveniente incontornável no debate sobre a tecnologia como factor de harmonia mundial e felicidade pessoal.
Aconselho sobre este tema que se leia, com o recuo necessário, o seu livro “Ser digital”, publicado em 1995 e já hoje tão desactualizado, tal como ele próprio tinha previsto.
Mas o Media Lab não é apenas um espaço de reflexão teórica; ele é sobretudo um laboratório de inovações “digitais” que explora, mas nunca esgota, o tema da comunicação Homem-Máquina, ou no seu próprio vocabulário, o “Interface”.
As soluções do Media Lab são sempre espectaculares do ponto de vista técnico, futuristas mas desarmantes de simplicidade.
O mais recente exemplo de que me lembro é o “Sixth Sense”, um interface portátil que maximiza a interacção entre o indivíduo que o usa e a informação digital disponível à sua volta.
É preciso ver, e pasmar-se, em www.ted.com/talks/view/id/481 para perceber o que vou dizer a seguir.
Mesmo tratando-se de um sistema próximo da ficção científica (exige por exemplo que o utilizador tenha uma câmara e um projector, mas a miniaturização faz milagres…), o Sixth Sense deve levar-nos a reflectir sobre a desmaterialização total dos suportes de comunicação ou, tal como Negroponte previra, a total transformação dos átomos em bits.
O desafio para a Comunicação neste cenário é quase impossível de prevêr. A informação como a conhecemos hoje (os Media tradicionais, toda a Web e até as redes sociais ) cabe literalmente DENTRO do indivíduo, o que origina uma interacção intuitiva entre este e todos os conteúdos, em qualquer momento da sua vida, excepto talvez quando está a dormir.
Pomo-nos a imaginar as potentes Bases de dados que o sistema requer, para, por exemplo, projectar directamente no meu bilhete de avião informação sobre o atraso eventual do meu vôo.
Mas somos também levados a construir cenários de novas oportunidades de hiper-segmentação da comunicação, o verdadeiro mecanismo “one to one”, num ambiente em que cada indivíduo passa a ter necessidades ilimitadas de comunicação.
Nada é impossível.
Citando Nogroponte (em 1995):
“Num futuro mais longínquo, os écrans de computador poderão ser vendidos ao quilo e pintados, os CD ROM poderão ser comestíveis e os processadores em paralelo poderão ser aplicados à maneira dos cremes bronzeadores. Em alternativa, poderemos viver dentro dos nossos computadores”.
Comentários (0)