7 de setembro de 2009

Opiniões que Marcam

Acredito que já tenham ouvido falar do famoso Media Lab do MIT (Massachussets Institute of Technology), fundado nos anos 80 por esse visionário optimista chamado Nicholas Negroponte, e cujo objectivo é desenvolver tecnologia ao serviço das pessoas.



Negroponte, para além de ter lançado o projecto (depois associação, www.laptop.org) chamado “One laptop per child”- verdadeiro antecessor do Magalhães na prática, mas mais nobre no espírito – afirmou-se como um interveniente incontornável no debate sobre a tecnologia como factor de harmonia mundial e felicidade pessoal.



Aconselho sobre este tema que se leia, com o recuo necessário, o seu livro “Ser digital”, publicado em 1995 e já hoje tão desactualizado, tal como ele próprio tinha previsto.


 


Mas o Media Lab não é apenas um espaço de reflexão teórica; ele é sobretudo um laboratório de inovações “digitais” que explora, mas nunca esgota, o tema da comunicação Homem-Máquina, ou no seu próprio vocabulário, o “Interface”.


 


As soluções do Media Lab são sempre espectaculares do ponto de vista técnico, futuristas mas desarmantes de simplicidade.


 


O mais recente exemplo de que me lembro é o “Sixth Sense”, um interface portátil que maximiza a interacção entre o indivíduo que o usa e a informação digital disponível à sua volta. 


 


É preciso ver, e pasmar-se, em www.ted.com/talks/view/id/481 para perceber o que vou dizer a seguir.


 


Mesmo tratando-se de um sistema próximo da ficção científica (exige por exemplo que o utilizador tenha uma câmara e um projector, mas a miniaturização faz milagres…), o Sixth Sense deve levar-nos a reflectir sobre a desmaterialização total dos suportes de comunicação ou, tal como Negroponte previra, a total transformação dos átomos em bits.


 


O desafio para a Comunicação neste cenário é quase impossível de prevêr. A informação como a conhecemos hoje (os Media tradicionais,  toda a Web e até as redes sociais ) cabe literalmente DENTRO do indivíduo, o que origina uma interacção intuitiva entre este e todos os conteúdos, em qualquer momento da sua vida, excepto talvez quando está a dormir.


 


Pomo-nos a imaginar as potentes Bases de dados que o sistema requer, para, por exemplo, projectar directamente no meu bilhete de avião informação sobre o atraso eventual do meu vôo.


 


Mas somos também levados a construir cenários de novas oportunidades de hiper-segmentação da comunicação, o verdadeiro mecanismo “one to one”, num ambiente em que cada indivíduo passa a ter necessidades ilimitadas de comunicação.


 


Nada é impossível.


 


Citando Nogroponte (em 1995):
“Num futuro mais longínquo, os écrans de computador poderão ser vendidos ao quilo e pintados, os CD ROM poderão ser comestíveis e os processadores em paralelo poderão ser aplicados à maneira dos cremes bronzeadores. Em alternativa, poderemos viver dentro dos nossos computadores”.

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