Há muito que os gestores de marcas perceberam que não mais é possível desenvolver um negócio sem ter o «online» presente na sua estratégia de marketing. Sem entrar na infrutífera polémica do «ovo e da galinha», se o comportamento dos consumidores e a evolução das formas de comunicar ajudam, também as marcas incentivam à utilização dos meios digitais: é mais eficiente porque é mais barato e mais racional, e também mais cómodo. Logo, estamos perante uma clássica relação «win-win» entre os gestores e os seus públicos.
Ela acorda cedo. Rendida ao design da Apple, não abdica do seu iPhone, que a desperta para mais um dia de trabalho. A cama é o local mais aprazível das primeiras horas da tenra manhã, mas a curiosidade pelos mails, que caíram na sua mailbox, é tanta que não dá voltar ao aconchego… E uma, a seguir outra, e ainda mais outra, fazem-na mergulhar definitivamente em mais uma jornada. De repente, na copa da cozinha, já passou pelo Facebook, versão mobile, e já deixou pela sua wall uma frase de incentivo à vida, dando motivo a uns quantos comentários dos seus amigos mais chegados.
Por entre uma taça de cereais, deu uma espreitadela no weather.com, e passou pelo youtube, pois um dos mails que recebera falava-lhe de um engraçado sketch que passara na véspera, num dos canais de TV. Olhara pela porta entreaberta que confina com a sala, e logo lhe fez um click quando reparou que o seu nicho de leitura precisava de uma reforma… Quantos livros lera recentemente naquele espaço? Nenhum… Motivo suficiente de desconforto para, num ápice, abrir o seu Mac e «pôr-se em campo» no site ikea.com. Já com algumas ideias, vagueou nos seus pensamentos: um destes dias, dera-se a pensar quão aprazível seria reeditar uma leitura sobre o estilo de vida da Belle Époque, uma vez que se deparara com umas quantas ideias «pseudo-rectro» de uns grafismos que lhe passaram pela frente e que a remetiam para os reposteiros utilizados nas salas de jogo em que se perdiam os boémios dos tempos áureos de início do século XX. Logo, estava no Google, à procura de referências à «Art Nouveau», chegando muito rapidamente à wikipedia, que lhe devolveu um conjunto de referências, de Aubrey Beardsley ao célebre Eliseo Visconti, designer ítalo-brasileiro responsável por alguns dos mais importantes apontamentos de decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, como o majestoso Pano de Boca. A curiosidade acercava-a e, ainda antes de sair de casa, deu um saltinho ao site Amazon.com e encontrou exactamente o que queria: um Vintage French Poster “Absinthe Robette”, que se apressou a encomendar com o seu cartão de crédito sem que antes passasse pelo seu homebanking, recolhendo a password do seu mbnet para gerar um cartão virtual que lhe permitia pagar a compra em segurança.
A caminho do escritório, ligou o seu GPS, não que precise de saber o caminho (!), mas porque a actualização «online» através das páginas de trânsito lhe dá uma perspectiva mais clara de como chegar mais depressa, sem hipotecar uma parte do seu tempo da manhã. Já no local de trabalho, regressava aos mails, e consultava as edições electrónicas dos jornais… Ah, e uma consulta no expedia.com para ver qual o melhor preço de uma passagem aérea para Paris pois, estava na hora de dar um salto à cidade-luz e viver intensamente a Belle Époque, cem anos depois, na era digital.
Ela podia viver sem internet? Podia, mas não era a mesma coisa.
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