Quando fazemos a acreditação no Cannes Lions sentimos imediatamente o peso do Festival. Uma mala de folhetos, posters, revistas, postais, encadernações, livros, pins, horários, seminários, estatísticas, trabalhos… todos fechados a velcro para arrastar até ao Centro de Imprensa.
O Centro de Imprensa. Um espaço onde o ar é menos quente, – privilégio de se ter ar condicionado – mas onde as novidades fervilham à medida dos resultados. Cannes está lá fora ao sol (apesar de, este ano, a chuva ter feito de tudo para contrariar este meu recurso estilístico). Aqui, a praia é um cenário de Ambiente de Trabalho, perdido entre sites e ficheiros abertos no ecrã.
As inscrições diminuíram este ano, fruto de uma crise mundial. Os meios de comunicação social também fizeram com certeza as suas contas e apertaram os orçamentos. Mas, na redacção temporária do Cannes Lions, os jornalistas multiplicam-se entre entregas de shortlists, listas de vencedores, seminários, workshops e entrevistas.
São 94 países em competição, durante uma semana. Poder-se-ia falar de uma Torre de Babel, ou mesmo da universalidade do inglês que, umas vezes melhor, outras pior, une os povos jornalísticos na Riviera Francesa, mas não. Acima de tudo, ouve-se português.
O Brasil, como potência criativa que é e com a indústria de comunicação que tem, leva todos os anos para Cannes redacções numerosas (pelo menos para os parâmetros nacionais), bem oleadas (animadas, também) e íntimas do sistema organizado do Festival (por vezes, com os mesmos jornalistas a acompanhá-lo de perto há mais de 10 anos).
Chegado o final da semana é altura de desligar o computador e fazer as malas. A do Cannes Lions já foi remexida vezes sem conta. Está mais leve. Os vestígios do Festival de regresso e amarrotados, para se juntarem aos dos anos anteriores. E na saída, antes de se engavetar 2009, uma palavra aos colegas da semana. “Até pró ano!”.
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