A organização do Festival Internacional de Publicidade de Cannes anunciou que vai atribuir o prémio de Anunciante do Ano à Volkswagen.
Este prémio pretende distinguir as Marcas que se distinguiram, no tempo, pela sua inovação em Marketing e que encorajaram o trabalho criativo das suas agências.
Esta notícia põe-me particularmente feliz por duas razões.
Uma é óbvia. A outra é que o prémio vem confirmar que uma grande Marca se constrói com grande consistência estratégica assente em campanhas de publicidade brilhantes. Nunca é demais dizê-lo.
Se há casos em que a história da Marca se confunde com a história da sua Publicidade, a Volkswagen é um deles.
No início dos anos 50, a Volkswagen era uma empresa renascida. Apesar de existir desde antes da 2ª Guerra Mundial, só após o conflito é que a fábrica-berço de Wolfsburg deu lugar à produção em série do primeiro modelo, o Carocha, que se tornou rapidamente um sucesso comercial sem precedentes.
Nessa mesma altura, Bill Bernbach, fundava a DDB e lançava o conceito de Revolução Criativa, assente em poderosos conceitos criativos mas sobretudo num inovador sistema de organização da agência em que “copy” e director de arte trabalhavam em conjunto no materialização da ideia (até aí, o texto nascia primeiro e a sua visualização vinha depois).
A Volkswagen teve o mérito de pôr ao serviço de Bernbach todo o atrevimento de que a técnica criativa deste precisava: bom gosto, boa arte, boa escrita.
Em 1959, a campanha “Think Small” – eleita pela AdAge como a melhor campanha do século XX – personificava o estilo da Marca com enorme simplicidade (até nos custos de produção) e muita coragem ao fazer a apologia do anti-show-off.
O filme “SnowPlow” de 1963 – ainda com o Carocha – é outro paradigma incontornável deste território.
A história que se seguiu colocou a Volkswagen como motor de uma progressiva alteração da cultura publicitária dos anos 60 e 70 – e até da cultura popular, porque não dizê-lo.
E permitiu-lhe a construção de um território de Marca único, assente na chama criativa e no permanente piscar de olho da sua Publicidade (“Há sempre um truque” como diria um filme do Golf nos anos 90).
Com melhores ou piores períodos pelo meio, foi este apelo à inteligência pela simplicidade que trouxe para a Marca um exército de admiradores e que moldou, em muitos aspectos, as decisões estratégicas da própria empresa, porque qualquer novo produto teria que fazer jus ao “estilo” que a publicidade tinha criado para a Marca.
Desde 1961, a Volkswagen ganhou perto de 150 Leões em Cannes. Não sei se são mais ou menos do que outras marcas. Sei que cada um deles tem lugar numa bela montra em vidro onde está guardada a história da Volkswagen.
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