Mais um Festival de Cannes. Como sempre, lá irão muitos na busca da efémera glória de um Leão ou, no caso português, até de um simples “short-list”…

A publicidade é hoje uma indústria devastada pela crise internacional. Todos os grandes grupos publicam taxas de crescimento negativas, grandes anunciantes tomam prudentes atitudes quanto ao investimento e, não há que esquecê-lo, um dos maiores anunciantes do mundo, a General Motors, declarou falência. Para quem não sabe, a GM constitui um dos pilares sobre os quais se fundou a nossa indústria e, dentro de ela, uma das suas maiores empresas, a McCann. Efectivamente, são muitos os exemplos em que funcionários da McCann precederam a GM num determinado país, para onde eram enviados em missão de reconhecimento antes da chegada da Opel ou da Chevrolet. Em Portugal, David Wethey, em ex-CEO da McCann que conheço bem, viveu por cá os conturbados anos de 74-75. E, sabem onde ia receber o salário? À hoje encerrada sede da GM…

Mas, o que tem tudo isto a ver com Cannes? É simples. A publicidade é o lubrificante dos mercados, o óleo que permite a cada roda dentada de cumprir a sua missão. Mais do que nunca, pede-se criatividade à indústria da criatividade. Pede-se que ela cumpra esse primordial papel de trazer os consumidores de volta para o mercado. Porém, há uma “nuance”. Não se trata de criatividade “self-servient”, daquela que, qual instalação de um artista obscuro, fica num canto ganhando prémios numa qualquer bienal de renome. Antes sim de uma criatividade que, na sua excelência, na sua capacidade de atrair, construa marcas, eleve propostas à imprescindibilidade, mova consumidores e gere prosperidade…

Espero pois que este ano de 2009 nos presenteie com mais Sony Bravias, mais Hondas. Mais do que nunca necessitamos que “The Power of Dreams” retorne à nossa indústria, na sua pura essência de mover os espíritos e os voltar a fazer acreditar….
 

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