25 de maio de 2009

Opiniões que Marcam

A partir da sua entrada na CE em 1986, Portugal conduziu um importante processo de integração política e económica no contexto europeu, ultrapassando os condicionalismos negativos associados a uma posição geográfica periférica e a um parcial isolamento político da sua história mais recente. A Itália esteve sempre na primeira linha na defesa e no acompanhamento deste processo de integração política,  económica e monetária que o País lusitano conduziu no perseguimento de uma convergência plena com os restantes partners europeus, também através do vasto processo de modernização infraestrutural, de reformas e de liberalizações em sectores estratégicos, ainda em curso.



Apesar do cenário económico mais do que favorável que actualmente une as economias de ambos os Países, considera-se também oportuno referir o crescimento, em 2008, embora ligeiro, do nível de intercâmbio comercial entre os dois Países.



Actualmente a Itália permanece como o quarto fornecedor do País lusitano (depois de Espanha, Alemanha e França) com uma quota de 5,3% do total das importações portuguesas, enquanto que o conjunto das exportações italianas para Portugal (3,4 mil milhões de euros em 2008) representou cerca de 1,0% do total das exportações italianas.



Nos últimos dez anos, o andamento positivo dos principais items das exportações italianas para Portugal foi acompanhado pela realização de investimentos directos não só para reforçar as estruturas da distribuição comercial mas também  para criar estabelecimentos produtivos, apoiados por uma política de atracção dos investimentos atenta e por um nível de custo da mão de obra mais baixo relativamente à média da zona Euro. 



Trata-se de um fenómeno transversal que se relaciona com diversos sectores económicos, desde o agroalimentar ao da moda, do automobilístico aos seguros e à construção civil e ao turismo, sem esquecer os sectores com maior conteúdo tecnológico ou de inovação, como o  energético ou o aeronáutico e ainda o sector dos serviços às empresas.



No sector agroalimentar, salienta-se a radicação de multinacionais com a capacidade da   Parlamat ou da Ferrero, a que se seguiu, nos últimos anos, o multiplicar-se das iniciativas de pequenas e médias empresas, como a Fattoria destinadas a orientar o gosto do consumidor local para os produtos enogastronómicos italianos, também em sectores particularmente competitivos como o vitivinícolo.



A propensão para a “italian way of life” do público português também representa um dos factores do sucesso da moda italiana no País ibérico, testemunhado pelo crescimento da exportação nacional de vestuário, acessórios, decoração e joalharia e pela relevante radicação da distribuição comercial de algumas marcas como Benetton ou Calzedonia em todo o território nacional e, ainda, de experiências de sucesso de integração entre design, tecnologia, arte e gastronomia como é o caso do  Spazio Dual Lancia – Alfa Romeo. A estreita ligação entre design e tecnologia está de facto na base do extraordinário sucesso que em 2008 os modelos do grupo Fiat alcançaram no mercado português.



A presença de empresas italianas não se limita só aos sectores tradicionais de exportação italiana, mas abrange também os sectores inovadores. Basta mencionar o peso global da mecânica nas exportações italianas para Portugal, a relevante participação da ENI na empresa petrolífera portuguesa GALP, os recentes investimentos da Enel no sector da energia renovável, de Atlantida no sector das infraestruturas ou da Agusta  Westland na criação de centros de investigação para componentes aeronáuticas. A propósito,  merece salientar a circunstância da Itália e de Portugal serem membros (juntamente com a Espanha) da COTEC Europa cujo mandato institucional é o de contribuir para a orientação das políticas da Investigação e da Inovação na zona do Mediterrâneo. De facto, a COTEC Europa actua como um motor de acções destinadas à melhoria da competitividade tecnológica, através da promoção da cultura e da prática da inovação na sociedade e da colaboração entre as instituições públicas e o mundo das empresas.



Um caso exemplar dessa colaboração é o da iniciativa “Remade in”, nascido em Itália em 2004 com o objectivo de associar a produção de objectos de design às instâncias de sustentabilidade ambiental, através da utilização de materiais reciclados e posteriormente trazida para Portugal graças ao empenho de um grupo de jovens arquitectos italianos e do consistente apoio das instituições locais.



O próprio sector dos serviços assistiu a uma importante expansão da presença italiana, principalmente no ramo dos seguros, com a forte radicação realizada pela Assicurazioni Generali no mercado português.



Na óptica de uma resposta à actual crise económica e financeira internacional, é ainda possível encontrar dois potenciais trunfos de desenvolvimento estratégico e reforço das relações eonómicas entre os dois Países a curto e médio prazo: o primeiro, é seguramente representado pelo importante e vasto plano de modernização infraestrutural e de investimento público lançado recentemente por Portugal que poderia significar uma ulterior importante ocasião de cooperação entre as empresas dos dois Países.  O segundo, também na óptica de uma atracção dos investimentos portugueses, passa pela cooperação em sectores com elevado conteúdo inovador, e refiro-me  in primis ao sector das fontes de energia renovável, no qual a indústria portuguesa, nos últimos anos, está a desenvolver com sucesso um específico know-how.



Neste contexto, à semelhança de quanto sucedido nos últimos meses, a Embaixada de Itália em Lisboa, em coordenação com as outras estruturas votadas à internacionalização do sistema produtivo nacional presentes em Portugal (ICE e CCIAPT),  pretende reforçar e multiplicar as próprias iniciativas e acções, como suporte do sistema produtivo nacional para a valorização das “excelências italianas”  quer nos sectores tradicionais quer nos inovadores e com alto conteúdo tecnológico.   

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