10 de abril de 2009

Opiniões que Marcam

Quem vai a Braga em vésperas de Semana Santa é confrontado com a ancestral religiosidade da arquitectura, a memória histórica dos espaços e a tradicionalidade de alguns costumes. A cidade centra-se na Sé Medieval, que ainda hoje acolhe os pais do primeiro rei da Nação. À volta, casas e igrejas dos séculos XVII e XVIII compõem o resto do quadro. Por baixo, umas vezes mais a descoberto que outras, as fundações da cidade convivem com o que ainda resta da presença romana em Bracara Augusta. O centro de Braga é História. Na periferia, o futuro começa a fervilhar.


 


Destacado da urbe, está o campus de Gualtar, quartel dos futuros diplomados pela Universidade do Minho, em Braga. Ali olha-se para o século XXI de frente. Quando o visitámos pela primeira vez, fomos recebidos com a apresentação de alguns dos múltiplos projectos desenvolvidos pelas engenharias desta escola. Vimos como se trabalha no sentido de, num futuro próximo, ser possível coordenar através do olhar os movimentos num ecrã de computador, ou como uma pequena cápsula pode vir a fazer uma ecografia filmada totalmente controlada pelos médicos.


 


Alguns destes projectos podem ficar pelo caminho. É o risco que se corre ao inovar. Mas o trabalho desenvolvido não é feito para ficar pelos laboratórios da Universidade. Há uma sólida relação entre o mundo académico e o mercado, que procura em Gualtar a mão-de-obra e o conhecimento para se manter na vanguarda. São conhecidos os casos de spin off no Campus, de projectos financiados por empresas ou particulares, que se tornaram eles próprios em entidades empresariais. Não menos populares na região a até no país são os exemplos dados pelas empresas que nasceram pelas mãos de ex-alunos e que hoje lideram os seus mercados e fazem frente à forte concorrência internacional.


 


Na área das tecnologias, o tecido empresarial qualifica-se, renova e inova o mercado. Quando procuramos pelo que fica das gentes e da sua vivência na região, a realidade é diferente. Enquanto dava forma a uma das suas violas, falávamos com Domingo Machado, conhecido pelo seu Museu dos Cordofones, os instrumentos que cria e arranja e as memórias que colecciona partilhadas com músicos de renome. “Já fazia falta aqui um neto”, queixou-se, a certa altura. A arte que é seu ofício herdou-a do pai e passou-a ao filho. Os netos licenciaram-se e não se avista mais ninguém para receber a herança familiar. As encomendas para o artesão chegam de todo o mundo, as visitas ao Museu também, mas ao contrário do que acontece com as tecnologias, as artes de Braga correm o risco de não rejuvenescer.

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