É verdadeiramente notável o planeamento que, afinal, algumas indústrias conseguiram realizar para fazerem face à crise.
A indústria do cinema, por exemplo. Para vermos um bom filme temos que optar entre um enredo que decorra nos horrrores da Segunda Guerra Mundial ou, por exemplo, pelo verdadeiramente notável, “ Quem quer ser bilionário”, numa Índia miserável, em processo de desenvolvimento, com todas as injustiças e crueldades subjacentes ao crescimento de uma grande Nação.
Saímos felizes do cinema porque sentimos que afinal de tudo, esta época em que vivemos é fantastica, quando comparada com a da desgraças e miserias de há alguns anos, não tão distantes quanto isso.
O cinema continua a ser magia, a deixar-nos cheios de emoções e a poder facturar. Afinal, que “crisesinha” é esta, quando nos lembramos como outros viveram e conseguiram triunfar no passado?
Outro exemplo, é o da indústria da confecção que, tambem estudou e planeou a sua forma de vencer.
Os jeans rotos, descozidos vão saír de moda, substituídos por peças engomadas, mais elasticas, que transmitam mais status e melhor nível de vida. Nas grandes colecções, em Paris ou Milão, o glamour vai-se evidenciar fazendo sobressair as tendencias da epoca dos anos 50/60, de plena euforia e optimismo. No fundo tudo se resume a tentar encontrar no passado momentos agradáveis de conforto que o presente não nos consegue garantir.
Em ambos os exemplos, trata-se de indústrias que implicam um longo período de planeamento. Nada é feito para amanhã pois tudo implica muito tempo de preparação e grandes investimentos. Tomadas as decisões, elas são, em grande medida, irevogaveis.
Nas empresas, qualquer que seja o sector em que opera, para além do bom senso que se pode definir como o “marketing by walking around”, onde os gestores têm o dever de reflectir sobre todos os sinais que estão à sua volta, existe uma ferramenta fundamental e nem sempre devidamente considerada: os estudos de mercado.
Pela observação e consulta permanente em estudos qualitativos – focus groups, entrevistas em profundidade e observação do consumidor – é possível sentir as ansiedades, preocupações e oportunidades dos consumidores e clientes, preparando com antecipação e planeamento, as melhores respostas para a nossa empresa poder triunfar ou seja, para podermos vender mais e mais caro.
Um amigo meu, o João Dionisio, costuma dizer que, se tivesse sido feito um estudo de mercado sobre o projecto do computador Magalhães, teria obviamente concluído que o mesmo nunca poderia ter aquela aparência. Qualquer jovem quer parecer mais adulto e opta sempre pelo modelo mais parecido com o do irmão mais velho ou com o dos seus pais…básico? Claro! Mas mesmo assim, não foi essa a decisão…
Costumo dizer até à exaustão, “Não há problemas, apenas oportunidades”…temos é de as saber procurar!
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