Em alturas de crise de sociedade, como aquela em que rapidamente mergulhámos (muito ajudados pelos apóstolos da desgraça que levaram as nossas expectativas “para baixo” em poucos meses) a indústria do entretenimento tem feito surgir um fenómeno recorrente, habilmente criado para que ultrapassemos os nossos medos e frustrações e descarreguemos a nossa raiva: a moda dos filmes-catástrofe.
Estas grandes realizações atraem-nos às salas escuras onde podemos encontrar todos os bodes expiatórios da nossa imaginação, sob forma de monstros, de extra-terrestres ou de acidentes que ameaçam o Planeta e que têm o ponto comum de escapar sempre ao nosso controle, mas que nos confortam durante 2 horas e – graças ao mecanismo do “fim feliz” – nos fazem chegar à mesma conclusão: as coisas podiam ser bem piores do que são na realidade.
Foi assim após a Grande Depressão de 1929 com o primeiro (e verdadeiro) King Kong, repetiu-se depois na crise de 1973 com filmes como Terramoto ou a Torre Infernal e voltou nos anos 2000 com os remakes do Batman, do Homem-Aranha ou do (falhado) King Kong.
A indústria do Cinema percebeu sempre o poder de catarse que pode operar na opinião pública, oferecendo-lhe efémera felicidade.
O consumidor destes tempos de contenção, austeridade e desencanto que (parece que) vamos atravessar, vai procurar a mesma coisa. A felicidade, não forçosamente através do consumo desenfreado como o conhecemos (desde os anos 80), mas através de formas alternativas de realização.
O regresso às origens, a maneiras mais “económicas” de se encontrar a si próprio mas sem abdicar de afirmar o seu estatuto, o consumo mais inteligente (mais low-cost também, abençoadas Easy-Jets, Skodas e Ikeas!) e mais “socialmente responsável” (que oportunidade para limparmos a nossa consciência…), serão tendências incontornáveis em 2009.
Vencerão as Marcas que souberem perceber como proporcionar felicidade neste novo contexto e oferecer um “Fim Feliz” aos novos consumidores.
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