Serra da Estrela , memórias de neve, pedras de gigantes e uma sinuosidade geográfica que define os contornos mais sexys de Portugal.
Um território agreste onde a pastorícia, hoje cenário bucólico em extinção, foi desde sempre, a sua principal actividade económica.
Das ovelhas fez-se o queijo que é manteiga, das cabras velhas fez-se a chanfana, da lã fizeram-se os cobertores de papo e da serra fez-se uma das principais marca de Portugal,
Uma marca de grandes contrastes, amplitudes térmicas e estações de pastoreio; um terreno perigoso de lobos e no passado de ursos, onde foi criada ao longos dos séculos , para proteger as riquezas desta serra, uma arma viva, muito especial.
Para conhecer esta da nossa estrelinha da serra fomos a Vila Alzira, na paisagem extraordinária do miradouro do fragão do corvo, a casa de Afonso Costa, ministro da 1ª república de Portugal e criador do 1ª canil com marca registada de cães da serra da estrela.
Os cães da serra, são lindos , são as nossas estrelas, têm um passado longínquo, são um dos mais antigos cães da península.
O verdadeiro cão de gado, tem o pelo curto, protecção para o calor e para o frio . É um cão grande leve e ágil que resulta da selecção feita pelos pastores dos exemplares mais aptos para lutar com as feras ( lobos, ursos, javalis)
O serra é um cão de gado, fantástico cão de guarda, agreste mas dócil com os donos e com as crianças ( outros interesses chegaram a querer que fosse considerado um cão perigoso) mas na verdade é muito equilibrado mas muito independente, como a serra que afinal é sua.
A capacidade de nos distinguirmos enquanto País, depende da forma como formos capazes de trazer para o presente, as nossas raízes inimitáveis.
Daí importância dos cães da serra da estrela e das raças caninas autocones, enquanto marcas vivas da nossa cultura e elementos de relação e afirmação da nossa autenticidade.
Portugal tem um património canino considerável, especialmente neste tipo de cães, como o serra de Aires, o cão de gado transmontano, o castro Laboreiro, o rafeiro alentejano.
Todos eles ,mas em particular os guardadores da marca serra da estrela, precisam de ser promovidos para ganhar o estatuto que merecem.
São eles, as estrelas mais brilhantes da nossa serra e os símbolos vivos da marca de origem dos produtos autênticos desta região.
E foi tal a sua importância passada para a economia deste lugar que arrisco a dizer que o seu futuro, que o nosso futuro regional, uma vez que os territórios estão hoje mais cheios de feras do que nunca, deverá passar novamente pelos nossos cães.
Os cães da serra que começaram por ser guardadores de rebanhos e de homens, deverão ser agora, os nossos fieis e inimitáveis guardadores de marcas.
Quem sabe a economia da serra nunca tenha dependido tanto das suas verdadeiras estrelas.
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