Habitualmente nas minhas aulas sobre publicidade costumamos encetar longas conversas sobre o que é isto de ser criativo…Entre as muitas ideias que vão surgindo por parte dos alunos, aqui e ali há uma que se vai evidenciando, diria mesmo que se vai impondo em forma de dúvida: Será que a criatividade é um dom, um talento especial oferecido apenas a alguns? Entre correntes de opinião que se vão afirmando e que dividem esta questão, procuro centrar-me numa que me parece essencial: a criatividade pode e deve, na minha opinião, ser trabalhada.
Olhando mais atentamente para algumas campanhas publicitárias que chegam ao grande publico através dos media é possível perceber que na maior parte das vezes, aquilo que parece mais conseguido (mais certeiro), foi o resultado de muitas horas de trabalho entre rascunhos e rabiscos, reuniões e discussões de ideias que procuram a fórmula mágica para mostrar ao publico aquilo que realmente importa a propósito do produto ou serviço em causa.
Como gosto particularmente desta área, celebro com especial satisfação alguns anúncios bem nacionais, quer no registo musical escolhido, quer na história contada e que contrastam com um formato muito em voga, que a meu ver está desgastado sobretudo na temática escolhida: personagens sempre jovens, bonitos, elegantes, quase que despidos, dançando descontraidamente ao som de uma banda sonora moderna e altamente “badalada”, resultado: o que fica para a posteridade é precisamente a música que se colou ao produto que quase nunca nos conseguimos lembrar qual é. Apesar de bem produzidos do ponto de vista estético, tendem a ser efémeros, não cumprindo aquilo que seria desejável em termos publicitários.
O grande desafio que se coloca ao criativo é afinal aquele que diariamente se coloca a cada um de nós, uma necessidade constante de nos ultrapassarmos, de fazermos diferente, de fazermos melhor.
E assim sendo, pergunto-me muitas vezes: pode o ser humano não ser criativo?
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