“De Marvão vê-se a terra toda”, diz José Saramago no livro “Viagem a Portugal”. Atrevo-me a dissertar sobre as palavras do Nobel da Literatura para partilhar, agora sem imagens, de que forma este concelho alentejano pode marcar quem o visita.
Rodeada de uma paisagem deslumbrante e variada, Marvão está situada no coração do alto Alentejo e é dona de um património histórico e humano que aos olhos dos investidores públicos e privados podem ajudar a projectar nos roteiros turísticos de excelência.
Habitado por um povo hospitaleiro, nas últimas décadas, o concelho tem apostado no turismo como uma das suas maiores fontes de receitas. Os antigos campos de lavoura viram crescer dezenas de casas de turismo de habitação e rural que têm como principal objectivo atrair turistas nacionais e estrangeiros, em particular espanhóis. A maior empresa local, a Nunes Sequeira, apostou este ano no lançamento de uma nova marca designada por Maruan – o nome do árabe que fundou Marvão – e dirigida aos segmentos gourmet e regional. Entre muralhas, o castelo e as estreitas ruas marcadas pelas presenças góticas, manuelinas e medievais estão por detrás da candidatura a Património Mundial da Humanidade. A castanha, o fruto mais acarinhado pelos marvanenses, está na origem dos tradicionais bordados, dos cestos, da gastronomia local e da Feira que, há 25 anos, atraí até à pequena vila mais de 20 mil visitantes no primeiro fim-de-semana de Novembro.
É na riqueza paisagística, histórica e humana, que Marvão se posiciona e se diferencia.
Igualmente enquadrada no Parque Natural da Serra de S. Mamede, encontra-se Castelo de Vide, a vila a que D. Pedro V chamou Sintra do Alentejo. Com todo o respeito ao título atribuído pela realeza, creio que, hoje em dia, seria redutor afirmar que Castelo de Vide é apenas paisagem.
Nesta vila é fácil encontrar espaços tranquilos e verdejantes, onde se respira ar puro e se bebe das águas mais naturais, mas também um legado histórico e cultural que pretende projectar o concelho, além fronteiras, como um lugar na memória.
Da presença judaica, nasceram roteiros turísticos percorridos, anualmente, por cerca de 100 mil pessoas. Do encontro entre culturas e religiões, resultaram tradições gastronómicas que se transformaram numa das marcas mais apreciadas por quem visita este concelho alentejano.
Com os sectores da restauração e a da hotelaria como principais geradores de riqueza, Castelo de Vide aposta agora na requalificação da zona histórica, nos investimentos turísticos dos agentes privados e na preservação das tradições para se afirmar no mundo como uma marca histórica e cultural com os olhos postos no futuro.
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