Como resistir ao poder de atracção de Barack Obama ?

 

Para quem anda nestas andanças das Marcas e da Comunicação, encolher os ombros e não comentar o que se passou na noite histórica de 4/11, seria uma verdadeira abstenção.

 

Uma das noites mais bonitas vividas na América, e acredito que no mundo inteiro. Como admirador de Marcas não podia deixar passar em claro.

 

Uma longa e animada campanha, de uma eleição que saiu dos EUA e se estendeu (abençoado satélite) a todos os Estados do planeta, porque o que estava em causa além do fim do prazo de validade do produto BUSH, era o renascer duma nova esperança, para um mundo instável, inseguro, e que anda a dormir mal. Muito mal.

 

O que estava em cima da mesa não era unicamente eleger o Presidente ou o CEO do país que lidera, ainda, a Aldeia Global. Era também eleger aquele que para muitos cidadãos do Mundo, será o seu segundo (e em muitos casos preferido) Presidente.

 

A faminta e doente  África, o instável Médio Oriente, a deficitária democracia da América do Sul, a Ásia desumana, esperam muito da politica externa de BO.

 

O seu job description não se esgota, a meu ver, em recuperar o american dream.

 

A simulação de votação mundial on line, que lhe dava 85 por cento dos votos e a corrente internacional, em torno de BO, que se viveu em Berlim e Paris  alastrará naturalmente a outras regiões do mundo.

 

A tão apregoada “CHANGE” é algo que o mundo anseia. BO só tem que a contagiar, como tão bem ele saberá, a outros leaders. Quem sabe estaremos perante um TRENDSETTER na forma de fazer uma nova política.  

 

Desde cedo me apercebi do potencial do Brand Name da Marca BO. Não é “porque sim”, que a Adverting Age o elege como o Marketeer do ano, ainda antes do veredicto.

 

BO soube falar a toda as gerações e não descurou o poder da internet junto dos mais jovens, descrentes e fartos da podridão da politica. 

 

BO ganhou na forma, pela forte presença em palco e nos crans, pela postura, pelo sorriso cativante e pela voz poderosa, mas também meiga. BO fala no tom certo e não é homem para gritar.

 

BO ganhou no conteúdo com um discurso magnético e uma linguagem pertinente, simples e directa. BO tem inteligência emocional. Algo que rareia nos corredores do poder. É um verdadeiro leader, um comunicador NATO,  com um poder de ENGAGEMENT incrível. E esse, terá sido o grande trunfo de BO.

 

Na noite do discurso de vitória, tudo isto foi vivido e sentido em Chicago. Emoção e lágrimas em velhos e novos, ricos e pobres, brancos e pretos. Flashes e vídeos para gravar aquele momento mágico. Percebe-se. BO é visto como um missionário, um verdadeiro salvador capaz de dar a volta por cima, a este clima semidepressivo que alastra, não só nos EUA mas em todo o mundo ocidental.

 

Uma sociedade, corrosiva que se vai destruindo por dentro, tal a ganância e lógica de Gambling instalada nas empresas e no dia a dia das pessoas. A ânsia de ganhar dinheiro asap e com o esforço mínimo, porque produzir e gerar riqueza séria, dá muito trabalho.

 

Incrível como ainda hoje se dá importância à cor. É primário discutir a cor das pessoas como quem olha para um Pantone antes de imprimir o cartão de Natal..

 

Barack Obama, tal como Tiger Woods, Lenny Kravitz, ou Morgan Freeman, tem a pele que DEUS lhe deu. E também o talento e o inconformismo de lutar por um mundo melhor.

 

Que o fadeout de Bush se faça rapidamente. Com 8 anos de mandato ficará na História como o mais impopular Presidente dos EUA.

 

BO já entrou e ainda nem tomou posse.

 

Que a América recupere o seu Goodwill internacional.

 

E que BO,  consiga “limpar” Wall street, recuperar a confiança dos investidores, revitalizar a economia e reclamar para a América o estatuto, agora fragilizado, de motor da economia mundial, e de país que estimula a Criatividade e a Inovação. O país da Coca-Cola, da Marlboro, da Harley Davidson, do Google e de tantas outras Marcas admiradas e preferidas no mundo inteiro.

 

A herança de BO é pesada. O aquecimento global, o rastilho aceso em várias zonas do globo,  uma recessão que ainda não tocou no fundo e uma confiança perdida que urge recuperar.

 

E pode Barack Obama ser bem sucedido nesta e noutras cruzadas que vai ter pela frente ?

  

 

YES HE CAN!

 

 

PS: consta que o “endorsement” de Ophra Winfrey, terá dado a BO alguns milhões de votos. É normal. Também ela é uma grande senhora e uma grande MARCA!