Esta tendência que os Media vêm manifestando de criarem extensões de si próprios na Internet, e de aí se integrarem uns com os outros apoiados em plataformas tecnologicamente evoluídas, e que deu origem aos Podcasts, aos canais de TV exclusivos da Net, ao click to call que põe um site a falar com o meu telefone, criou uma rotura clara com a tradicional passividade de quem os consumia sempre da mesma forma, sem “interacções” e sem “experiências de marca”.

A criatividade destas soluções parece só ser limitada pelas barreiras técnicas, mas estas vão caindo a tal velocidade que o limite deve ser o céu.

Um dos meios mais insuspeitados de criar esta extensão na Net é, à primeira vista, o Outdoor. Não que ele não tenha capacidades de interacção só por si (vejam-se as experiências dos jogos interactivos num Mupi que a  Nokia fez no Reino Unido, da já citada – noutra destas crónicas – Senseo que oferecia café num Abrigo de autocarros, ou da Trident a distribuir pastilhas em Portugal), mas porque a sua própria natureza “exterior” parece ser auto-suficiente.

Vem isto a propósito da campanha institucional que o canal por cabo americano HBO desenvolveu há alguns meses e que tão justamente foi premiada no último Festival de Cannes com o Grande Prémio do Outdoor.

A explicação da campanha está em http://www.youtube.com/watch?v=QCr853VVo9c e resume-se, num primeiro tempo, a uma fantástica instalação sob forma de Outdoor “vivo”, projectado na empena de um prédio e mostrando cenas da vida quotidiana no interior de apartamentos virtuais. Até aqui não há interacção, só interpelação.

Onde a ideia criativa encontra todo a sua chama é quando nos propõe estendermos o nosso papel de testemunhas “voyeurs” para um site (que se pode ver em http://www.bigspaceship.com/archive/hbovoyeur/  ) que materializa de forma tecnicamente impecável – e moralmente questionável? – o posicionamento de contador de histórias do HBO.

 

O envolvimento que esta campanha cria com a Marca é exemplar de como o mais estático dos meios pode captar a nossa atenção (isso já o Outdoor sabia fazer) e prolongá-la noutro meio, levando-nos a uma verdadeira interacção (quase viciadora neste caso…).

 

Maldita publicidade, que encontra sempre maneira de nos surpreender quando pensávamos já ter visto tudo!