Há muitos anos que tenho a sorte de ser menino da Lapa.
Moro num dos quartiers mais bonitos e charmosos da capital e, sou daquelas famílias que praticam religiosamente o hábito de tomar o café da manhã e comprar o jornal. Infelizmente em Lisboa, encontrar um café onde dê gosto estar, vai sendo uma busca demasiado inglória.
Como se isto não bastasse, os Lisboetas vão assistindo a situações caricatas e terceiro mundistas difíceis de encaixar.
O jardim da Estrela é um espaço fantástico. Atrai imensos turistas que se maravilham com a diversificada flora, antes ou depois da visita obrigatória à Basílica.
Tem animação, programas para as criancinhas e feirinhas, onde se encontra muita originalidade, desde T-shirts, bujigangas, aguarelas, relógios… e tem também patos, papagaios e até pavões a sério.
Só não tem uma Esplanada. Mas já teve, só que estava longe, muito longe dos padrões estéticos e de qualidade que merece o jardim. Acontece que a CML fechou o espaço, abriu concurso, (com cláusulas que afastam qualquer candidato bem intencionado em explorar o negócio) e já lá vão uns largos meses sem esplanada…
Entretanto, o buraco negro, cinema Paris, continua entregue a ratos e morcegos, há mais de 10 anos.
Lisboa, Capital europeia?
Nas amoreiras, junto à Mãe d’água, há um pequeno jardim. Para mim, o mais bucólico e mágico da cidade. Se fosse em Paris, teria um café (como só eles sabem), um caricaturista, jornais, animadores de rua, música etc… e estaria aberto à noite.
Também o quiosque é uma relíquia. Mas está fechado há anos tal como muitos outros da capital, e está-se tudo nas tintas!
Na Avenida da Liberdade o luxo e o popularucho coabitam lado a lado, mais as pastelarias foleiras, uma “zona verde” desleixada, prédios que fazem lembrar qualquer raid aéreo, e claro o estacionamento caótico gerido pelos “moedinhas”. Caso contrário, e como dizem os livros, “no parking, no bussiness”.
Nesta artéria, onde a poluição do ar atinge níveis assustadores, actua ainda a mais antiga profissão do mundo.
Lisboa deve ser a única capital da Europa que não tem um avenida nobre onde dê gosto passear up & down, tal como a Calle Castellana ou os Champs Elysées.
É uma tristeza. É uma vergonha. E não sabemos até quando isto vai durar. Ou se calhar sabemos.
Também esta avenida tem um restaurante na faixa central, que será (?) do sr. Sousa Cintra e que abrirá no dia 31 de Fevereiro…
Lisboa, Capital europeia?
A discussão estéril à volta do Terreiro do Paço continua, e, até dá para o ministro brincar com a data em que os pilares, ou o que lhes quiserem chamar, do Cais das Colunas, voltarão ao seu lugar. E nessa data lá estarão as altas individualidades para inaugurar a coisa. Podia continuar a listar, mais uma série de pontos fracos inaceitáveis nesta capital europeia (?), que eu adoro.
O Turismo é uma indústria de futuro e das poucas que pode ajudar a salvar este país, tão maltratado nas últimas décadas. Não brinquemos com coisas sérias.
Lisboa é uma cidade invejável e poucas rivalizam com ela. O que é triste e chateia, é que, enquanto Marca poderia ir longe. Muito longe.
Haja vontade… política.
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