Esta crónica é, acima de tudo, um tributo ao Professor John O´Shaughnessy da Universidade de Columbia em Nova Iorque. Uma referência na área do marketing, leccionou durante vários anos no MBA da Universidade Nova de Lisboa onde tive o privilégio de ser seu discípulo.
Dizia John O´Shaughnessy que um dos atributos mais importantes de quem trabalha na área do marketing é ter senso comum. Não se confunda, aliás, senso comum com bom senso. São coisas totalmente diferentes. O que acontece é que à medida que um marketer sabe mais sobre segmentação, posicionamento, estratégias de produto e preço, branding, gestão da força de vendas, marketing planning, etc., etc., tende a perder a noção das coisas tal como elas são.
Essa miopia é má. Porque se vendemos o que quer que seja – sabonetes, automóveis, bebidas, roupa, produtos financeiros… – na generalidade dos casos os nossos clientes não são peritos em matéria de marketing. Isto é, têm esquemas mentais que, influenciando as suas atitudes e comportamentos, se orientam muito mais pelo senso comum e não tanto por teorias e modelos que, esses sim, tendem a residir apenas na cabeça dos marketers.
Nessa linha, John O´Shaughnessy afirmava que, com frequência, se socorria da opinião da mulher para fundamentar algumas das suas decisões na área do marketing. “E sabem porquê?”, perguntava. “Porque a minha mulher, não sabendo nada de marketing, tem senso comum, algo que eu às vezes já não possuo.”
E não será que um pouco mais de senso comum teria sido importante para prevenir a actual crise financeira?
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