No ginásio que frequento, entre uma extensa lista de actividades para a boa forma física, com nomes mais ou menos ininteligíveis, encontrei recentemente as seguintes: “Sensualidade Feminina” e “Urban Strip Tease Dance”. É que agora estas coisas saíram dos cabarés e do bas fond e converteram-se em modalidades que qualquer mulher séria pode praticar. Será que o strip tease e as danças de cabaré vão massificar-se?
A avaliar pelo que está a acontecer no Reino Unido, inclino-me a achar que sim. Os bares de strip estão a ressentir-se seriamente e o negócio dos varões de aluguer (ou portáteis) floresce. Mas que não se fique com a ideia de que é coisa “lá de fora”. Para vos dar um exemplo, não é só na capital portuguesa que se podem fazer workshops e cursos de dança do varão, ou pole dancing. Podemos, por exemplo, encontrar aulas da modalidade no Gimnodesportivo de Portimão. E já aparecem na net anúncios deste género: Precisa-se de Professora especializada em Pole dance / Dança Vertical para dar aulas de Formação (Porto).
A cultura ocidental não tem sido muito dada a estimular nas mulheres em geral a exploração do corpo e do erotismo. Isso tem sido, e durante muito tempo, um exclusivo de dançarinas de cabaré e muitas vezes associado enganosamente à prostituição. Fico contente por ver que as mulheres portuguesas estão a mudar. Explorar a sensualidade com a dança parece-me muito saudável para o corpo e mente. Não se trata apenas de trabalhar músculos ou ganhar flexibilidade, nada disso, para isso há body pump ou máquinas (de tortura) nos ginásios. Trata-se de uma nova (embora antiga) atitude perante o corpo e a sensualidade, um abandonar de pudores hipócritas, uma libertação. Não é para exibir em público nem para fazer carreira de palco. É sobretudo uma coisa da relação de uma mulher consigo mesma que pode, se quiser, partilhar com mais alguém. Não é preciso ser jovem e magra, aí é que está. É a atitude que importa.
E para que conste, segundo o sítio techdigest, a empresa Peekaboo Pole Dancing está à procura de parceiros financeiros para fazer chegar à Nintendo Wii um varão de dança.
Se a coisa já está neste ponto, daqui a meia dúzia de anos ninguém estranhará entrar em casa de outras pessoas e deparar-se com um varão no meio do hall ou da sala. Ou, na sua ausência, lembrar-se que poderia ser uma boa ideia para um presente de Natal à dona da casa.
Comentários (0)