O traço mais representativo da liderança é uma das suas manifestações mais raras: o carisma, este dom cuja presença se sente, mas que as palavras se mostram impotentes para materializar numa definição adequada. Nas empresas, o papel do líder é, bem sabemos, fundamental, mas o fascínio que o líder exerce sobre as pessoas na sua esfera de influência é talvez a característica mais dispensável. A revista exame de Outubro questionou 22 dirigentes empresariais sobre as qualidades que fazem um bom líder e não é por acaso que apenas um, Rodrigo Costa, presidente executivo da Zon Multimédia, refere o carisma.
Em tempos de enorme incerteza e turbulência, exigem-se líderes pragmáticos, que apontem o caminho, saibam comunicar a sua visão e motivar a equipa em torno desse objectivo comum. Na essência da maioria das repostas está a influência exercida sobre um grupo para que este, voluntariamente, abrace a visão partilhada pelo líder.

Outro sinal dos tempos é a noção de que a liderança não é um resultado, mas um processo. Uma caminhada, como refere Miguel Pina e Cunha. “Um bom líder não é algo que se possa definir como uma verdade absoluta, inata e válida sempre”, na definição de João Talone, sócio da Magnum Capital. Ou, na formulação de Rogério Carapuça presidente da Novabase, “é uma obra que nunca está acabada”. Estamos perante um líder em construção, em permanente aprendizagem, que muda o seu comportamento consoante as exigências dos liderados e das circunstâncias.

A complexidade e dimensão dos resultados a alcançar impõem o trabalho em equipa, e a capacidade de retirar o melhor desta é valorizada. Ser líder é “transformar gente comum numa equipa admirável”, diz Pires de Lima, porque como se lê mutatis mutandis em Camões “um fraco rei faz fraca a forte gente”. Afinal, mais do que nascendo iluminado pela qualidade transcendental do carisma, um líder não é mais do que “uma pessoa comum com habilidade para inspirar os outros a agir”, sintetiza Carlos Martins, da Martifer.

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