Por ser sensível às matérias relacionadas com o corpo humano, por via de uma investigação que desenvolvi quanto às suas representações na imagem publicitária, estou, também, mais atento ao corpo do que me está próximo. Neste sentido, a praia é um lugar privilegiado para o observar.
E o que nos é dado a ver é, por vezes, alarmante. Vejamos, se em determinados corpos masculinos se destaca a cintura estreita e a ausência de “estômago”; noutros é possível observar o excesso de peso, marcado, principalmente, pelos ombros largos e pela proeminência da barriga.
Se nalgumas mulheres são patentes os contornos corporais, nomeadamente, os seios bem delineados, o contraste entre as ancas, mais salientes, e a cintura, mais delgada; noutras é o desproporcionado volume dos seios, as nádegas obesas e saídas que nos perturba.
Ora:
Se o homem e a mulher modernos se preocupam com a impressão que outros têm de si;
Se passaram a assumir o corpo como um elemento fundamental da própria apresentação, tornando-o num objecto a ser cuidado;
Se acham necessário preservar o seu grande capital, a saúde;
Se entendem a beleza como associada à alegria, ao sucesso, à juventude e ao desejo de se ser socialmente aceite;
Se classificam a obesidade com adjectivos pejorativos;
Se apontam o poder dos media (cinema, televisão, publicidade) e a influência implacável da indústria alimentar e farmacêutica/cosmética na “imposição” de determinadas personagens;
Qual a razão da presença de tantos obesos no nosso país?
Pelas razões apontadas, o país estaria repleto de perfeição. Todavia, o que presenciamos é compatível com os dados oferecidos pelos organismos oficiais, os quais registam um aumento exponencial do número de obesos no nosso país, com consequências para os próprios e para a sociedade!
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