12 de setembro de 2008

Opiniões que Marcam

A última semana de Agosto trouxe-nos a notícia da compra do Manchester City por um grupo árabe. O tema não é novo já que em Inglaterra existem pelo menos 8 clubes propriedade de magnatas estrangeiros. A novidade é que um dos compradores afirma-se “um buldozer que tudo arrasa” e diz-se disposto a gastar o dinheiro que for necessário para ir buscar as maiores vedetas.


 


Em outro tipo de negócio, seria normal assistir à entrada de um player que pretende arrasar os seus concorrentes. O mercado é feito disso mesmo! Mas na actividade desportiva, estas situações não são benéficas porque é o equilíbrio e a imprevisibilidade do resultado que atrai os espectadores aos estádios e, sobretudo, às transmissões televisões.


 


Faz sentido perguntar o que move este grupo bilionário a investir neste negócio. Ao contrário de outras actividades em que predomina uma lógica racional de rentabilidade do próprio negócio, este caso configura uma situação onde é notória a vontade de conseguir protagonismo mediático.


 


Nos desportos amplamente praticados nos Estados Unidos, como o basquetebol, este comportamento não seria possível porque o negócio de uma liga, como a NBA, está assente na competitividade da competição.


 


Contudo, o futebol está a ficar refém destas investidas do capital, o que põe em causa o trabalho de profundidade de treinadores e de responsáveis de Marketing que, paulatinamente, trabalham para desenvolver as suas equipas e as suas marcas.


 


Não será, pois, de estranhar que dentro de alguns meses também em Portugal apareçam notícias de magnatas, ou de pretensos magnatas, dispostos a investir milhões num clube. Nessa altura, é previsível que direcções e adeptos, encadeados por essa miragem, tendam a embarcar nessa ilusão que, na maioria dos casos, será bem enganador como já tivemos ocasião de constatar em casos como o do Farense ou, mais recentemente o Boavista.


 


Não obstante o facto de que os verdadeiros magnatas preferem o mercado inglês ou espanhol ao português, se este cenário se tornar uma realidade, o marketing desportivo desse(s) clube(s) dará um significativo passo atrás, porque a ilusão dos milhões se sobrepôs ao trabalho sério e continuado dos profissionais.


 


Resta-nos, então, esperar que os petrodólares ou outro tipo de dólares não atinjam tão cedo os clubes portugueses e que se mantenham lá por fora, ou que o bom senso e a clarividência predomine sobre “as Donas Brancas”!

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelasPedro Dionísio, professor de Marketing na ISCTE Business School

">
Loading ... Loading ...

Comentários (0)

Escreva o seu nome e email ou faça login com o Facebook para comentar.