A força dos grupos, o poder das multidões, na defesa de grandes causas é um fenómeno conhecido, que veio ganhar mais peso através do efeito potenciador da Internet.
Grupos de cidadãos ou de consumidores juntam-se on-line para defender ou atacar uma causa qualquer, política, social ou comercial.
Digo “qualquer” porque esta agregação pode dar origem a coisas tão “sérias” como o site www.fuh2.com destinado a todos os que querem manifestar o seu ódio ao célebre jeep Hummer.
O potencial informativo das multidões – associadas na Web neste caso – não escapou aos marketeers.
Em primeiro lugar porque existem 1400 milhões de pessoas on-line pelo mundo fora (fonte: www.internetworldstats.com) com que se pode contactar com custos de marketing baixíssimos.
Depois porque essas pessoas compram on-line: mais de 300 mil milhões de dólares em 2007 (fonte: www.emarketer.com) nos Estados Unidos e na Europa.
Por fim, porque o envolvimento dos internautas e a sua lógica participativa se desenvolveram muito. Vejam-se a propósito os comentários em www.buzzmachine.com.
E, por último, porque o aparecimento dos sites sociais (150 milhões de perfis no www.myspace.com, 18 milhões de pessoas registadas no www.facebook.com) favorece a partilha de informação e sobretudo a partilha de intenções.
Nascem assim oportunidades de comércio social: consumidores que prezam o “último grito” em bens e serviços inovadores procuram outros consumidores em qualquer parte do Mundo, com quem se ligam, reagem, discutem e de quem esperam ideias inovadoras de consumo.
Na Europa, mais de 50% dos compradores de electrónica on-line fizeram-no depois de consultar artigos escritos por outros compradores on-line, 30% compraram com base na avaliação on-line de outros, e 15% escreveram artigos com pós-avaliações do que comparam (www.forrester.com).
Para os marketeers, esta tendência é um maná: permite detectar intenções de compra, não individuais mas agregadas por grupos de consumidores.
O iTunes desenvolveu um conhecido filtro que nos indica as preferências de cada comprador de música. Multipliquemos por 50 milhões e encontramos uma potente base de dados sobre intenções de compra de música.
Outra mina de informação para os departamentos de marketing reside no desenvolvimento dos sites de opinião e de recomendação (ver a esse propósito o completíssimo www.epinions.comque cobre mais de 20 bens diferentes, de carros usados a impressoras).
A busca crescente de afinidade entre consumidores leva-os a trocar informações cada vez mais completas, por vezes “íntimas”: ocupações, aparência física, websites preferidos. Mais do que um perfil, é um estilo de vida inteiro que se partilha (www.tribe.net).
Não devemos excluir desta lista os sites comunitários – ou de “troca de interesses” – mais fechados, por vezes funcionando por subscrição ou “member get member” (ver www.asmallworld.net, se tiver password…), mas nos quais o efeito de preconização, ou de condenação! – é altamente potenciado.
Seja como for, em todos estes casos, a relação entre as Marcas e os consumidores tem que revestir-se de uma certa humildade: é preciso que a Marca peça licença para falar porque, em última instância, neste ambiente, quem precisa de um favor é ela.
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