Sabe que Portugal gasta cerca de 1,4% do PIB em Investigação & Desenvolvimento? Considera isso muito ou pouco? Bom, se compararmos com os países que mais investem nessa área, como a Finlândia, a Suécia ou a Alemanha que gastam na casa dos 3%, é pouco. Mas se compararmos com Espanha ou Itália, até nem estamos mal pois, face ao PIB, investimos mais do que qualquer um desses países. Aliás, em termos de número de investigadores por 1000 ativos, o nosso País está acima da média europeia.
Isto significa que todos os anos produzimos nas universidades, nos centros de investigação e também nas próprias empresas conhecimento que deve ser gerido como um capital que se espera venha a ter retorno.
O retorno em termos académicos até nem é mau uma vez que o número e a qualidade das publicações científicas estão ao nível do investimento realizado. O problema está no retorno económico que, esse sim, fica muito aquém do desejável. Por outras palavras, o nosso grande desafio passa por uma valorização eficaz do conhecimento. E como a valorização só se consegue no mercado, isso exige uma estratégia de marketing do saber – isto é, há que fomentar uma economia do conhecimento cuja competitividade decorra da capacidade que tivermos para incorporar esse mesmo conhecimento nos produtos e serviços desenvolvidos pelas nossas empresas.
Tratando-se de uma competitividade que é global, sustentável e geradora de emprego qualificado, a questão que se coloca é: como fazer o Marketing do Conhecimento?
Aqui ficam algumas sugestões para uma política económica e científica que vá nesse sentido:
- Fomentar a ligação Universidades – Empresas, o que requere sobretudo muito Endomarketing dirigido para o interior tanto da academia como das unidades económicas.
- Aumentar o potencial de comercialização de propriedade intelectual (patentes, marcas, design, etc.), o que exige recursos e, em especial, competências na área do Marketing S2B (Science-to-Business).
- Criar centros de incubação que, não se limitando a serem meros condomínios de start-ups, se constituam como espaços de networking científico, financeiro e de mercado.
- Promover a existência de múltiplas formas de investimento e financiamento de start-ups, desde a fase seed e pré-seed até ao capital de risco, mas assumindo sempre uma natureza de “smart capital”.
- Assegurar a integração dos quatro pontos anteriores em ecossistemas de inovação e empreendedorismo favoráveis à ignição, desenvolvimento e aceleração de “knowledge-based start-ups” com negócios escaláveis e competitivos em termos globais.
Se fizermos isto, sem dúvida que as condições estão criadas para um eficaz Marketing do Conhecimento. Agora só falta olhar para as próprias empresas e entender como é que, do ponto de vista do negócio em si, se pode criar valor com base no saber.
Mas isso terá de ficar para a próxima crónica…
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