O Instagram revelou o seu novo logótipo e o resultado foi uma explosão de opiniões nas redes sociais, piadas, GIFs, memes e afins. Para trás ficou o ícone da câmara fotográfica vintage que deu lugar a um design minimalista com um simples grafismo com o layout da câmara sobre um gradiente a fazer lembrar os anos 90.
Independentemente de se gostar ou não, esta mudança vai muito para lá do logo e é importante tentarmos perceber para onde ruma agora o Instagram.
Fazendo uma retrospetiva, em 2010 o Instagram estava disponível apenas para a comunidade iOS e só em 2012 ficou disponível para utilizadores Android. Nesta altura, o Instagram tinha como premissa dar às fotos um ar vintage através dos filtros, sendo especialmente popular junto dos techno-hipsters e entusiastas da fotografia.
Se na altura o Instagram vivia do seu appeal vintage, hoje em dia, e especialmente depois de ter sido comprado pelo Facebook, a sua base de seguidores cresceu e mudou. Em cinco anos, o Instagram transformou-se na rede social que apresenta um maior crescimento. A rede diferencia-se pela sua componente aspiracional, pelo seu storytelling visual, permitindo às marcas explorar histórias inspiradoras e criar uma comunidade de fãs à sua volta. Hoje são 400 milhões de utilizadores que partilham cerca de 80 milhões de fotos por dia, e na sua maioria, cerca de 55%, são jovens entre os 18 e 29 anos. Estão lá as marcas, as celebridades, e os millennials (sobretudo os mais novos) que adoram o Instagram, É a sua rede favorita, a par do Snapchat.
Para além desta necessidade de adaptação ao seu novo público, o Instagram está também em processo de implementação do feed baseado num algoritmo ao género do Facebook com alterações dramáticas para as marcas e influenciadores.
A 15 de Março, o Instagram anunciou que iria alterar o feed dos utilizadores e passaria a não mostrar os posts cronologicamente, mas com base num algoritmo proprietário. O Instagram alegou que tal mudança iria beneficiar os utilizadores uma vez que, segundo os seus dados, os utilizadores perdem cerca de 70% dos posts nos seus feeds e uma mudança iria garantir que as pessoas têm maior probabilidade de verem os posts com que mais se identificam.
Contudo, o maior impacto é para as marcas e influenciadores. No modelo antigo, por exemplo, alguém com um milhão de seguidores no Instagram saberia que qualquer post que publicasse iria aparecer no feed de todos os que tivessem a utilizar o Instagram naquele momento. Com o novo modelo, tal não acontece. Basicamente, para aparecerem as marcas terão que investir em Instagram Ads, aumentando ou redistribuindo assim o seu investimento publicitário. Na realidade não é nada que não se esperasse já. Desde que Mark Zuckerberg comprou o Instagram, circulavam rumores pela Internet que tal iria acontecer e que seria apenas uma questão de tempo.
As reclamações dos seguidores face a esta alteração fizeram-se sentir com a comunidade a assinar inclusive petições na tentativa de o impedir. O Instagram reagiu afirmando que o feed continua para já na ordem cronológica e que quando existirem alterações, irão comunicar. O fenómeno não é exclusivo do Instagram. O Twitter, no mês passado, adotou a mesma medida e não agradou aos utilizadores, que diziam que a rede social tinha morrido, lançando a hashtag “#RIPTwitter”.
Em suma, no caso do Instagram, a aquisição pelo Facebook trouxe consigo a massificação da rede e a necessidade de adaptação à nova realidade: uma base de seguidores mais jovem e a “monetização” da plataforma. Porém, nestas transformações por vezes perde-se a essência, e na realidade viva e dinâmica como a das redes sociais e em que os seguidores são também os seus co-criadores, nada passa ao acaso…as reações à alteração do logótipo não são mais do que sinais destes tempos de mudança.
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