Na essência do maior evento de tecnologia do mundo, por vezes ofuscada por um mediatismo exacerbado, está a oportunidade soberana de antever o futuro da humanidade.
A edição de 2017 da Web Summit foi marcada pela ascensão da inteligência artificial nas suas múltiplas aplicações. Máquinas inteligentes que aprendem, reaprendem e que vão conquistando o livre arbítrio, já não são um estereotipo da ficção científica, são reais e vão fazer parte do nosso quotidiano num futuro bem mais próximo do que poderíamos imaginar.
Sophia, a robot, cidadã da Arábia Saudita e do mundo, um rosto de uma máquina que é uma plataforma tecnológica, garantiu no Centre Stage, que as máquinas não vão destruir a vida humana, apenas vão ficar com os nossos trabalhos; mas sem querer, ou não, deixa-nos nas entrelinhas, uma questão inquietante que urge ser pensada e debatida: como vamos viver num mundo de máquinas inteligentes que trabalham, pensam e decidem?
O facto é que estamos a viver o início de uma inflexão que altera totalmente a vida na terra, os paradigmas económicos, sociais e políticos. Aproxima-se uma nova era, que surgirá no encalço de uma sociedade tecnologicamente super-desenvolvida, onde vão escassear os empregos o que provocará transformações radicais a todos os níveis. As novas máquinas inteligentes vão dominar o mundo do trabalho e obrigar-nos a reinventar os modelos de vida em sociedade.
O físico Stephen Hawking, nas honras de abertura da cimeira, apesar de otimista sobre o uso que se dará à inteligência artificial, alertou “a ascensão da inteligência artificial poderosa, será a melhor ou a pior coisa, que alguma vez acontecerá à humanidade.” e deixou a mensagem que na minha opinião marca o início de uma discussão intelectual mais alargada: “necessitamos de estar cientes dos perigos da inteligência artificial, identificá-los e implementar a melhor prática e gestão e preparar as consequências com um avanço significativo”.
O dia a seguir ao Web Summit, é o dia em que começamos a preparar o mundo para as consequências da ascensão das máquinas inteligentes.
Qual o futuro da espécie humana, num mundo sem empregos, mas assente em economias de mercado?
Uma coisa é certa, não existem máquinas sem humanos e só os humanos, são capazes de sustentar o paradigma económico em que vivemos: as máquinas não alugam casas, não vão aos restaurantes, não fazem viagens, enfim não fazem funcionar mercado, a base de todas as economias. Só os humanos são sujeitos ativos que consomem ao viver e que para isso precisam de rendimentos.
É nesta encruzilhada que estamos no dia seguinte ao Web Summit, o dia em que tomámos a consciência da inevitabilidade das máquinas inteligentes.
Juntem-se os filósofos, os economistas, os cientistas, os sociólogos, e todos os pensadores da ciência social, com o objetivo de planearmos um mundo em que seja possível viver em harmonia com a inteligência artificial – hoje no dia seguinte ao Web Summit, quem sabe daremos início a um “Think Summit”.
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