Muitos de nós já nos estamos a preparar para o Natal, incluindo nesse preparo as compras natalícias para “fazer feliz quem amamos” – jargões publicitários.
É claro que o Natal é muito mais do que o comércio, há todo o misticismo do bom velhinho que recebe as criancinhas (e suas cartas) e presenteia quem se comportou bem. Há todo o simbolismo religioso, a fé. E há marcas que investem milhões em campanhas publicitárias para serem as elegidas a fazerem parte da festa.
O bom velhinho, denominação carinhosa do Papai Noel (Pai Natal), é uma figura lendária que habitou nosso imaginário durante os primeiros anos de nossa existência. Esperávamos o Papai Noel, nos preparávamos para sermos dignos de receber os presentes… Suspeita-se que a origem do bom velhinho esteja associada ao São Nicolau, que auxiliava as famílias que estavam com dificuldades financeiras. Ao longo da história, muitas versões surgiram e estão espalhadas pelo mundo.
Há quem diga que é desonesto mentir para as crianças. Outros afirmam que a figura lendária desvia a essência (cristã) do Natal. Outros ainda acreditam que é apenas comércio…
Independente das opiniões, a maioria de nós irá fazer compras no Natal e, certamente, comprar marcas. Contudo, quantos de nós sabem como se comportou a marca escolhida? Será que ela merece estar presente em nossa vida?
Algumas marcas andam se comportando muito mal e não deveriam ser elegidas por nós para estar em nossa lista de presentes. Em seu livro Sem Logo, a tirania das marcas em um planeta vendido (Ed. Record, 2002), Noami Klein denuncia o comportamento indevido de várias marcas globais que exploram, via fábricas terceirizadas, os trabalhadores. Estes, muitas vezes atuam literalmente como escravos: “pura produção, a preços terrivelmente baixos” (KLEIN, 2002, p. 228).
Encontramos dezenas de notícias a respeito deste tema, o que indica que a escravidão, assim como a poluição, não é coisa do passado. Onde está a tão falada sustentabilidade? Como sabemos, o desenvolvimento sustentável envolve três grande áreas: ambiental, econômico e social. É neste tripé que as marcas devem estar. Aquelas que não tiverem um comportamento adequado correrão o risco de ficarem fora da lista de Natal – metaforicamente dizendo – e dentro do ranking das piores marcas – literalmente dizendo, pois a fiscalização governamental juntamente com as ONGs, os prosumers (consumidores e produtores de conteúdo nas redes sociais digitais) e a tecnologia fornecem informações sobre as marcas más, para que possamos exercer nosso consumo responsável. Umas dessas tecnologias é o Aplicativo Moda Livre que denuncia as marcas que utilizam trabalho escravo.
Este é, no mínimo, um tema sobre o qual deveríamos refletir. E por falar em bom velhinho, qual será o acordo que ele tem com seus ajudantes? Essa parte da história não contaram ainda.
Links para complementar a leitura:
Confecção que atendia grifes famosas usava trabalho escravo em SP, diz MPF – http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/05/01/por-trabalho-escravo-mpf-denuncia-4-pessoas-de-confeccao-da-zara.htm
Trabalho escravo, poluição, desmatamento… a moda pode ser sustentável? http://super.abril.com.br/blogs/ideias-verdes/trabalho-escravo-poluicao-desmatamento-a-moda-pode-ser-sustentavel/
Aplicativo “Moda Livre” denuncia marcas que utilizam trabalho escravo – http://gq.globo.com/Estilo/News/noticia/2013/12/aplicativo-moda-livre-denuncia-marcas-que-utilizam-trabalho-escravo.html
A atualização semestral da lista de empregadores envolvidos em trabalho escravo foi divulgada nesta segunda-feira (30) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – http://economia.ig.com.br/2013-12-31/governo-lista-empresas-condenadas-por-trabalho-escravo.html
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