Depois das gravações que fecharam o ciclo dos programas realizados na Tailândia – três, no total – naquela tarde de 15 de Abril apeteceu-me sentar para escrever estas linhas. Costumo fazê-lo já em Portugal, e depois de todo o programa fechado, mas nesta viagem havia qualquer coisa que me puxava para o fazer antes…
Não tinha definida a ideia que iria explorar, tantas foram as histórias que conhecemos e as experiências que vivemos neste país da diversidade, mas não deixa de ser curioso que, nessa segunda-feira (e quando ainda não sabia o significado da data), algo me fez trazer para destaque o facto de ter celebrado duas vezes a entrada num ano novo. A primeira em Janeiro. A segunda, em pleno Abril! Isso era, de facto, o que de mais diferente tinha vivido até hoje…
A curiosidade levou-me a pesquisar mais detalhes sobre o Songkran, nome que se dá à passagem do ano na Tailândia. E talvez por me identificar com a filosofia oriental (que diz que nada acontece por acaso) quero acreditar, agora que tenho mais informação, que a experiência que vivi em Hua Hin tem uma mensagem para o futuro. Mas já lá vamos…
Quando o convite para virmos conhecer a Tailândia como uma marca turística surgiu, estava longe de imaginar que iriamos encontrar uma nação tão diferente da imagem que qualquer um de nós tem pré-concebida. À Tailândia turística associamos praias com águas azuis, areias finas e brancas, uma arquitetura e cultura únicas e invulgares… uma espécie de paraíso tropical.
E é certo que tudo isso faz parte da Tailândia. Mas duas semanas depois de lá estar, concluo que aquele país tem muito por descobrir…
A marca Tailândia que lhe vamos dar a conhecer nesta emissão do Imagens de Marca Travel Brands é muito mais diversificada e muito mais alternativa do que a maioria dos portugueses conhece. É uma marca que se afirma não só pelos sorrisos e hospitalidade do seu povo, mas também pela sua diversidade geográfica e pela força da inovação que faz dela uma das economias mais fortes do Sudoeste Asiático.
A diversidade é aliás um dos atributos mais marcantes deste país. As imagens dos cenários naturais do norte não se cruzam com as do sul e as tradições, as pessoas e as formas de estar são diferentes de região para região.
Mas há, no entanto, uma tradição que une a Tailândia: o tal Songkran, também conhecido pelo festival da água. Com celebrações durante três dias, o Songkran dá a cada data um significado especial: A 13 de Abril, o Maha Songkran Day, ou o dia que marca o fim do ano. A 14 o Wan Nao, ou seja o dia seguinte. E a 15 o Wan Thaloeng, no qual o novo ano começa.
Foi ao descobrir o significado de cada data, que percebi o que queria dizer “o dia em que algo me puxara” para escrever este texto. O mesmo que marcara o início do novo ano. O tal que marca a mudança. E foi aí que disse para mim mesma: “isto é seguramente um sinal a reter…”
O Songkran é para a astrologia tailandesa o momento em que o sol se move para entrar numa nova fase. É o momento que marca a limpeza e, na tradição do país, as casas e as pessoas são limpas para afastar as más energias acumuladas. Nas ruas vive-se o momento em euforia! Todas as casas têm à porta bidões cheios de água, ou mangueiras de todos os tamanhos que servem para molhar quem lá passa. As motas, carros e carrinhas de caixa aberta enchem-se de crianças, adultos e idosos, de “pistola de água” na mão e apontando para quem passa, numa festa em que todos participam de sorriso no rosto.
Nós vivemos a experiência para contar a história e, é caso para dizer, que no dia 13 de Abril de 2013 os tailandeses limparam a alma à equipa de reportagem do Imagens de Marca! (veja as fotos e o vídeo que a equipa filmou com telemóveis protegidos com capas plásticas, no coração do evento)
Estando nós a trazer para Portugal histórias de uma economia de oportunidades, quero aqui deixar a mensagem que trago do novo embaixador de Portugal em Banguequoque, com quem almoçámos no último dia: “é preciso que os empresários portugueses olhem para o mercado asiático e o explorem, como fazem os franceses, os espanhóis, os italianos… Esta é uma economia em crescimento e com muito potencial para Portugal pelas ligações de amizade que vêm de há 500 anos atrás”, disse-nos Luís Barreira de Sousa, diplomata que conta com vários anos de experiência na cultura asiática. E acrescentava, com esperança: “Pode ser que a nova geração, de que vocês fazem parte, saiba aproveitar melhor a força da Ásia e perca o medo de vir para este lado”.
Nós testemunhámos a simpatia que os tailandeses têm pelos portugueses. Eles sabem que nós fazemos parte da sua história, que nunca os afrontámos quando lá chagámos no Sec XVI, muito pelo contrário, e que sempre respeitámos a sua cultura e religião. Em 1511, quando Duarte Fernandes chegou a Ayuthaya, a Tailândia ainda se chamava Reino de Sião e já na época a sua população era maioritariamente budista. Hoje 90% da população é praticante do budismo.
Reconhecem-nos como amigos por os termos ajudado defender-se com armas de fogo e a criar defesas contra os invasores. Deixámos lá várias tradições, que eles acarinham até hoje, algumas delas na doçaria. Os fios de ovos, por exemplo, são um doce servido em ocasiões especiais, como os casamentos, por estar associado a durabilidade e união. É um símbolo de felicidade.
Os bens de consumo portugueses têm uma boa oportunidade de exportação, como é o caso do queijo, vinho e azeite, sabores que os tailandeses não têm mas apreciam. Mas o mercado do turismo também. Há milhares de hotéis com milhões de turistas a entrar todos os anos na Tailândia. Tudo o que envolve a indústria, desde o colchão à roupa de mesa, pode ser uma oportunidade para os portugueses. E Portugal até tem uma boa experiência e muito know how nesta matéria.
A classe média continua a crescer. Há oportunidades para as empresas portuguesas poderem crescer lá também.
Quero acreditar que o momento de mudança que nós vivemos possa simbolizar um momento de mudança para os portugueses mais destemidos. Tal como foram no século XVI, quando as condições para chegar ao outro lado do mundo não eram as que temos hoje…
Perder o medo, arriscar, acreditar, lutar para ir mais longe sem desistir nos primeiros obstáculos… são tudo palavras que os portugueses foram perdendo ao longo da nossa história e esquecendo com a comodidade que a Europa nos foi dando. A mesma Europa que agora não nos permite crescer…
O mundo é grande! E os portugueses, quando querem e enfrentam o medo, também são!
Termino, porque desta vez este texto já vai longo, confidenciando que tenho esperança que a emissão do Travel Brands possa ser uma vez mais uma inspiração. Quem sabe se a entrada no novo ano que nós vivemos, possa efetivamente significar uma mudança para os empresários portugueses que ali têm muito espaço para crescer.
Nós vamos ficar a torcer para que haja mais Duartes Fernandes no século XXI…
Na secção Travel Brands – Tailândia não deixe de ver:
- Os textos e a emissão na íntegra.
- A galeria de fotos da equipa de reportagem do Imagens de Marca.
- As principais entrevistas realizadas pela nossa equipa de reportagem, na íntegra.
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